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Brasil Saiba como a moeda da china pode afetar a economia brasileira

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Governo chinês permitiu que a sua moeda, o yuan, se depreciasse 3% em apenas dois dias. (Foto: AFP)

Os mercados foram tomados de surpresa com a nova política cambial chinesa, ao permitir que a moeda do país – o yuan – fosse determinada pelas forças de mercado. Com o acirrado controle de capitais existente na China, a saída de recursos do país tem pressionado a cotação da moeda chinesa frente ao dólar.

Hoje, permitir que as forças de mercado ditem a cotação do yuan tende a ajudar a economia daquele país, conferindo maior competitividade aos seus produtos no mercado internacional.

Entretanto alguns pontos merecem destaque:

1) É preciso louvar a atitude do governo chinês que permitiu maior flexibilidade à sua paridade cambial. Aparentemente o governo de Pequim utilizou um momento de pressão vendedora de sua moeda para implantar sua política de maior flexibilização. Acredito que cabe a pergunta: se o inverso ocorresse? Ou seja, se uma pressão compradora da moeda chinesa levaria a China a apostar na flexibilidade cambial que ela tem alardeado nestes últimos dias.

2) Em relação ao nosso comércio bilateral (Brasil-China) a depreciação de apenas 3% nestes últimos dias em pouco –ou quase nada – deve afetar o nível de importações que o Brasil apresenta com aquele país. Dado que o real já se depreciou pelo menos 50% nos últimos 12 meses, uma depreciação da moeda chinesa entre 5% a 10% ainda neste ano pouco tende a afetar o nível de nossas compras por bens chineses.

3) Por outro lado, ao anunciar uma maior flexibilidade cambial permitindo que o yuan se depreciasse 3% em apenas dois dias, o governo chinês acabou enviando um recado claro aos agentes econômicos de que a desaceleração da economia chinesa talvez seja pior do que o esperado. Na realidade, acredito que nos próximos dez anos o crescimento chinês, na média, dificilmente será maior do que 5% a 5,5%. Ao perceber que a segunda maior economia do mundo crescerá menos do que o esperado, o preço de commodities, principalmente as metálicas, devem continuar com sua tendência de queda. Neste aspecto, a pauta de exportações brasileiras para a China, fortemente concentrada em minério de ferro, soja e petróleo, deve ser impactada negativamente. Se compararmos as exportações de minério de ferro e soja de janeiro a julho de 2014 e no mesmo período de 2015, veremos que apesar de ambas as rubricas caírem em termos monetários 58% e 14%, respectivamente, o volume de soja exportada aumentou, ao passo que no caso do minério, caiu. Ou seja, mesmo com um aumento na quantidade exportada de soja, a queda dos preços de ambas as commodities impactou as exportações brasileiras para a China. No caso do minério foi pior, pois não apenas a quantidade, mas o preço do minério também despencou.

4) Acreditar que esse movimento de maior flexibilidade cambial ditada por Pequim seria parte de uma estratégia para tornar a moeda chinesa uma moeda conversível, é um longo passo. Para moedas se tornarem conversíveis precisam contar com a livre mobilidade de capitais no país, o que não é o caso da China. Considerar que o país asiático abrirá completamente sua conta capital permitindo a livre mobilidade de capitais, condição necessária para que uma moeda seja conversível, seria acreditar que o governo chinês deixará de utilizar seu sistema financeiro como braço parafiscal a fim de garantir o crescimento econômico, evitando assim tensões sociais e garantindo a legitimidade do partido comunista chinês. Expor os bancos locais a uma fuga de capitais, por qualquer motivo, como ocorrido com os países do sudeste asiático em 1997/1998, certamente não seria a melhor receita para a continuidade do crescimento econômico chinês – mesmo com as taxas bem mais reduzidas nos próximos anos. (Roberto Dumas Damas/Folhapress)

tags: economia

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https://www.osul.com.br/saiba-como-a-moeda-da-china-pode-afetar-a-economia-brasileira/ Saiba como a moeda da china pode afetar a economia brasileira 2015-08-13
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