Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 15 de janeiro de 2019
A penitenciária de segurança máxima para onde o terrorista italiano Cesare Battisti foi levado na cidade de Oristano, na ilha da Sardenha, não registrou nenhuma fuga desde a sua criação, em 2012. Após quase 40 anos foragido, Battisti foi preso em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) no sábado (12).
Ele chegou à Itália na segunda-feira (14) em um voo sem escala no Brasil, diferente de como estava inicialmente previsto. As autoridades italianas informaram que o comunista passaria por Rebibbia, uma prisão na periferia de Roma, mas, posteriormente, decidiram levá-lo direto para Oristano, onde, segundo o Ministério da Justiça, “a segurança é garantida da melhor maneira”.
A prisão de Massama, como é chamada a penitenciária, abriga 266 presos – 85% deles estão sujeitos a um regime de segurança especial, de acordo com o Corriere della Sera. Porém, não há presos sujeitos ao “41-bis”, que é o sistema de isolamento aplicado aos integrantes das máfias italianas.
As celas em Massama são espaçosas, com capacidade para três detentos. O chuveiro fica separado, e a estrutura conta com um sistema de aquecimento. O jornal Il Messaggero afirma que há um salão usado como teatro, um ginásio para os internos, uma igreja, uma enfermaria e clínicas com médicos especialistas.
Os prédios onde ficam as celas têm três andares. Cento e cinquenta agentes garantem a segurança nas seis alas. Segundo o Corriere della Sera, não é considerada uma instituição turbulenta, mas em 2017 houve duas greves de fome em protesto contra a superlotação.
Prisão perpétua
Battisti foi condenado à prisão perpétua em 1993 sob a acusação de ter cometido quatro assassinatos na Itália na década de 1970. Ele afirma que nunca matou ninguém e se diz vítima de perseguição política.
Foram 37 anos de fuga quase permanente, com períodos de prisão e lutas político-judiciais para evitar a Justiça da Itália. Battisti escapou do seu país na década de 1980, viveu no México, na França, no Brasil e, mais recentemente, havia se escondido na Bolívia.
O italiano chegou a conseguir refúgio no Brasil em 2009. Mas o status, concedido a ele pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi revisto em dezembro do ano passado, por Michel Temer, que autorizou a sua extradição. A Polícia Federal fez mais de 30 operações para localizá-lo, mas não teve sucesso.
O terrorista usava uma barba postiça e documentos falsos no momento em que foi preso na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra. Ele também vestia calça e camisa azuis e estava de óculos escuros. Battisti foi abordado por agentes bolivianos e da Interpol quando caminhava sozinho por uma rua. Com a exigência de que se identificasse, respondeu – em português – que não portava documentos. Foi, então, detido, sem oferecer resistência.