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Brasil Saiba como Joesley Batista decidiu fazer a delação que quase derrubou Michel Temer

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Joesley Batista, ex-presidente-executivo da JBS, já foi alvo de outro processo da CVM sob acusação de ter ganho dinheiro no mercado financeiro. (Foto: Divulgação)

Trecho inédito de livro sobre os irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS/Friboi, narra os bastidores da colaboração premiada que apresentou à Justiça gravações de conversas com o ex-presidente Michel Temer e o ex-senador Aécio Neves. O trecho integra o primeiro capítulo de “Why Not”, livro da repórter Raquel Landim que a editora Intrínseca lança em 20 de maio. A obra retrata como os irmãos Joesley e Wesley Batista transformaram um açougue na maior empresa de carnes do mundo e corromperam centenas de políticos.

Joesley Batista se sentiu cansado e angustiado depois que o irmão Wesley e o advogado de confiança da família, Francisco de Assis, deixaram a sua elegante mansão no Jardim Europa, bairro nobre de São Paulo, naquele 18 de fevereiro de 2017. Era um sábado e haviam sido oito horas de reunião, sem que conseguissem decidir se deviam ou não fazer uma colaboração premiada. O encontro começara às nove da manhã e eram quase cinco da tarde.

O empresário se recostou numa confortável poltrona de couro marrom ao lado da adega, num cômodo anexo à sala principal, e tentou disfarçar a preocupação diante da segunda esposa, a jornalista e apresentadora de TV Ticiana Villas Boas.

Ticiana ficara aflita com aquela conversa que não acabava nunca. Sabia que o marido vinha tendo dificuldades com a Justiça, porém não fazia ideia do tamanho do problema. Com o MPF (Ministério Público Federal) apertando o cerco em torno das empresas dos Batista, devido a suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro, entre outros crimes de colarinho branco, Joesley e Wesley tinham sido convocados a depor.

Além disso, suas residências e empresas haviam sido alvo de uma série de buscas e apreensões, com policiais revirando tudo atrás de provas. Os dois empresários goianos eram donos da J&F, holding que incluía a fabricante de celulose Eldorado, a calçadista Alpargatas, o banco Original e a empresa de laticínios Vigor, entre outras. A estrela do império, no entanto, era o frigorífico JBS, um colosso com 235 mil empregados, vendas líquidas anuais de R$ 170 bilhões e atuação em mais de 20 países.

Nascida em 1953 como um pequeno açougue em Anápolis, no interior de Goiás, a JBS tornara-se a maior processadora de proteína animal do planeta, graças ao extraordinário tino empresarial dos Batista e ao apoio financeiro sistemático do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), entidade de fomento federal. Cerca de uma década antes, o faturamento líquido da empresa não passava de R$ 4,3 bilhões.

A PF (Polícia Federal) estava de olho nesse crescimento explosivo da JBS, um dos chamados “campeões nacionais” dos governos do PT – empresas “apadrinhadas” com vultosos recursos com o objetivo de ascenderem no cenário internacional.

Fazia sete meses que os irmãos vinham sendo investigados pela participação de suas companhias em esquemas bilionários de propina na Caixa Econômica Federal (operação da PF batizada de Cui Bono); pelo envolvimento com políticos do PMDB ligados à liberação de recursos do Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FI-FGTS (Operação Sépsis); e por sua atuação em transações fraudulentas com fundos de pensão de estatais (Operação Greenfield). As relações dos irmãos com o BNDES ainda se tornariam alvo de uma quarta investigação (Operação Bullish).

Os Batista, que negavam com veemência todas as acusações, contrataram advogados de renome e vinham resistindo às investidas das autoridades. Joesley achava que estava conduzindo com maestria a defesa de seu império até ter uma conversa devastadora no MPF do Distrito Federal com o procurador Anselmo Lopes, à frente da Operação Greenfield. Foi por causa dessa conversa que Joesley convocou Wesley e o advogado Francisco, diretor jurídico da J&F, para aquela longa reunião em sua mansão.

O procurador Anselmo Lopes tinha um sotaque nordestino carregado, herança da infância vivida em São Luís do Maranhão, e costumava falar baixo mesmo em situações de estresse. Não parecia um tipo capaz de ameaçar um homem poderoso como Joesley.

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