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Por Redação O Sul | 24 de abril de 2018
Ainda falta para Joesley Batista explicar em seus novos depoimentos à Polícia Federal muitas informações. Confira o que o empresário dono da JBS já disse sobre alguns políticos na mira da Lava-Jato, entre eles o senador Aécio Neves (PSDB) e o presidente Michel Temer (MDB).
O que falta detalhar
Silval Barbosa: Joesley afirmou que Barbosa (MDB) o procurou na sede da JBS em 2010 em busca de apoio à campanha ao governo do Mato Grosso. Em troca, Barbosa prometeu que as empresas de Joesley teriam redução nos impostos, o que veio a ocorrer. Joesley irá depor em maio à Polícia Civil do Estado.
Listas de caixa 2: O empresário dará mais detalhes sobre uma série de planilhas entregues à PGR de doações a políticos, desde a eleição de 2006. Nelas, estão destacados os pagamentos ilícitos, os feitos com notas fiscais frias ou superfaturadas e os feitos por entrega de dinheiro em espécie.
Cid Gomes: Joesley e Wesley afirmam que o ex-governador do Ceará teria recebido R$ 24,5 milhões em propinas nos anos de 2010 e 2014 por meio de doações oficiais e notas frias. Joesley tem para apresentar uma planilha detalhando os pagamentos a políticos indicados por Cid.
O que já disse
Aécio Neves: Reafirmou que o tucano recebeu R$ 110 milhões da J&F em 2014 e que os valores estavam atrelados a uma atuação favorável aos negócios do grupo.
Michel Temer: Detalhou mais o encontro com Temer no Palácio do Jaburu. Confirmou as acusações e disse que fez gesto de dinheiro com os dedos ao perguntar ao presidente se podia tratar de todos os assuntos com Rodrigo Rocha Loures, que foi flagrado com malas de dinheiro da JBS.
Geddel e Padilha: Voltou a afirmar que os então ministros Geddel Vieira Lima e Eliseu Padilha ficaram responsáveis por monitorar a situação de Lúcio Funaro, operador do PMDB que acabou fazendo delação premiada.
Ciro Nogueira: Reafirmou que o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI) adiou a saída de seu partido do governo Dilma, em 2016, após um pedido seu. Para tanto, o senador pediu R$ 8 milhões, que foram pagos no ano seguinte.
Defesa de Aécio
A defesa do senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que o empresário Joesley Batista, da J&F, mente para tentar manter, “de forma desesperada”, seu acordo de colaboração premiada que aguarda há sete meses para ser discutido pelo Supremo Tribunal Federal. “Os recursos doados às campanhas do PSDB em 2014 somaram R$ 60 milhões e estão devidamente registrados no Tribunal Superior Eleitoral”, disse em nota o advogado Alberto Zacharias Toron.
Segundo ele, doações feitas a outros partidos não podem ser consideradas de responsabilidade do PSDB, “tampouco de seu então presidente”. Ele disse que o senador não atendeu a qualquer interesse de Joesley.
Em relação à acusação de que tentou interferir na nomeação de delegados para a condução de inquéritos, feita pelo ex-ministro Osmar Serraglio, afirmou que a “questão cabe exclusivamente à Polícia Federal”. De acordo com Toron, todas as conversas que Aécio teve sobre o tema foram no sentido de mostrar seu “inconformismo com inquéritos abertos sem qualquer base fática”. Em especial, prosseguiu, com a demora em serem concluídos, levando a um “inevitável desgaste”.
O advogado negou conversa entre Aécio e o acionista da Andrade Gutierrez Sérgio Andrade sobre a usina de Santo Antônio. “O leilão e a construção da usina foram de responsabilidade do governo federal, sem qualquer participação do governo de Minas”, disse o advogado.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse em nota que “não se prestaria a falar” com Serraglio. “Pelo contrário, virei oposição ao governo Temer justamente quando ele assumiu o ministério indicado, e teleguiado, pelo (deputado cassado) Eduardo Cunha. Quem conhece minimamente a política sabe que eu jamais me relacionei com esse grupo. Pelo visto, esse Osmar continua com a carne fraca”, afirmou Renan.