Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 9 de julho de 2018
O que poderia ter levado meses pode ser concluído em apenas alguns dias. E com êxito.
O resgate de oito dos 12 meninos presos em uma caverna na Tailândia desde 23 de junho deu esperança de que todo o grupo possa sair são e salvo de lá, em um tempo menor do que o previsto.
As operações de resgate puderam ser adiantadas após a diminuição das chuvas e do nível da água – depois que foram drenados 128 milhões de litros do local.
Mas as ações das equipes de resgate são muito complicadas e arriscadas, por isso, as autoridades não querem gerar falsas esperanças. Afinal, as informações mais atualizadas dão conta de que ainda não foram resgatados com sucesso quatro crianças e o treinador delas.
Até agora, não foram reveladas as identidades das crianças que já foram salvas – nem mesmo a seus pais.
Há pelo menos três motivações culturais que podem estar por trás de tamanha cautela na divulgação de tais informações – entenda abaixo.
Respeito
Narongsak Osottanakorn, chefe das operações, deixou bastante claro, com a conclusão da primeira fase de resgate – “com muito mais êxito que o esperado” –, que a identidade das crianças resgatadas não seria revelada por respeito às famílias cujos filhos continuam presos.
Os parentes ficam todos juntos em um acampamento montado na entrada da caverna. As autoridades não querem que, enquanto alguns celebram a alegria de ver suas crianças salvas, outros vivam a angústia de seguir minuto a minuto o restante das operações.
Desde que se ficou sabendo do desaparecimento de 12 adolescentes e seu treinador, o povoado mais próximo da caverna, Maesai, ficou muito unido.
Voluntários oferecem alimentos e apoio psicológico às famílias, além de terem arrecadado dinheiro para ajudar os parentes que precisaram se ausentar do trabalho para acompanhar as operações.
Controle da informação
As autoridades tailandesas também querem estabelecer um “cordão sanitário” para evitar o vazamento de informações que possa prejudicar o resgate ou atingir a sensibilidade das famílias.
O acesso de celulares no acampamento, por exemplo, está restrito a alguns membros da equipe de resgate. As informações também são compartilhadas apenas com um grupo reduzido de pessoas.
Também há uma preocupação com o trabalho da imprensa. No domingo (8), Osottanakorn criticou a atuação de alguns veículos que fizeram escutas na comunicação da polícia via rádio e que usaram drones para acessar áreas restritas.
Os pais das crianças seguem a orientação das autoridades e também se mantêm reservados.
Agradecimento
Existe um ditado tailandês que diz: “Evitarás ofender a quem te ajuda pedindo mais do que este lhe dá.”
Por isso, os pais que aguardam o resgate dos filhos não pedem mais informações do que as que lhes são oferecidas, conscientes dos esforços empreendidos pelas autoridades e equipes de resgate.
O povo tailandês, conhecido por ser modesto e respeitoso, valoriza enormemente a mobilização destes agentes e não quer comprometer o andamento das operações pedindo mais informações.
Nesta cultura, é um sinal de agradecimento aceitar o que é dado sem fazer perguntas.