Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 27 de julho de 2017
O ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine chegou à Superintendência da Polícia Federal (PF), em Curitiba, pouco antes das 14h desta quinta-feira (27). Ele foi preso nesta manhã, na deflagração da 42ª fase da Operação Lava Jato.
Suspeito de receber R$ 3 milhões da Odebrecht, Bendine foi detido na casa da filha, em Sorocaba (SP). Esta nova etapa da Lava Jato foi batizada de Cobra.
O MPF (Ministério Público Federal) agiu após quebra do sigilo telefônico do suspeito e da descoberta de uma viagem para Portugal, marcada para esta sexta-feira (28).
“É importante destacar que o MPF encontrou apenas a passagem de ida, não significa que não havia a passagem de volta”, afirmou Athayde Ribeiro Costa, procurador da República, em entrevista à imprensa em Curitiba.
Pierpaolo Bottini, advogado de Bendine, divulgou nesta tarde o ticket da passagem de volta. O bilhete foi expedido em 3 de julho, quase 20 dias depois da instalação de um inquérito contra Aldemir Bendine. Já a compra da passagem de ida é de 31 de maio.
Conforme a cópia do bilhete apresentado pelo advogado, Bendine sairia de Lisboa 11h50 do dia 19 de agosto com destino ao Aeroporto de Viracopos, em Campinas.
Segundo Pierpaolo Bottini, desde o início das investigações o ex-presidente da Petrobras se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a regularidade de suas atividades.
O procurador afirmou que vários fatores justificaram a prisão temporária de Bendine. Entre eles, está o fato de haver indícios de cometimento de crimes após a deflagração da Lava Jato e também o fato de Bendine ter nacionalidade italiana. “Todos esses fatos foram levados em conta. […] É concreto o risco à ordem pública”, disse Costa.
O MPF afirma que, quando comandava o Banco do Brasil, Bendine pediu R$ 17 milhões à Odebrecht para rolar uma dívida da empresa com a instituição, mas não recebeu o valor. Na véspera de assumir a Petrobras, teria pedido mais R$ 3 milhões para não prejudicar os contratos da estatal com a empreiteira, segundo delação de ex-executivos. O valor foi pago em 2015.
Braço direito de Dilma
Em 2015, Bendine era braço direito da então presidente Dilma Rousseff. Ele havia deixado o banco com a missão de acabar com a corrupção na petroleira, alvo da Lava Jato. Mas, segundo delatores da Odebrecht, Bendine já cobrava propina no Banco do Brasil e continuou cobrando na Petrobras.
Segundo as investigações, Bendine usava o nome de Dilma em negociações, mas a polícia não encontrou nenhum indício de envolvimento da ex-presidente nesse esquema.
Outras prisões
Outras duas pessoas foram presas temporariamente nesta nova fase da Operação Lava Jato.
Segundo o procurador, também há evidências de que os outros dois alvos dessa operação tentaram apagar provas e obstruir a Justiça. Um deles, André Gustavo Vieira da Silva, foi detido em um aeroporto no Recife. Ele viajaria para Brasília.
Foi preso ainda o irmão dele, Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior. Os dois são sócios em uma agência de publicidade, chamada Arcos, e são apontados como operadores da propina. (AG)