Brasil Se Ciro Gomes foi duríssimo com Fernando Haddad, nos bastidores os partidos já se movimentam para uma composição no segundo turno
Por Redação O Sul | 28 de setembro de 2018
Se Ciro Gomes (PDT) foi duríssimo com Fernando Haddad (PT) no debate entre os candidatos à Presidência, promovido pelo SBT-UOL-Folha, nos bastidores os dirigentes dos partidos já se movimentam para tentar uma composição no segundo turno. Os aliados de Ciro Gomes, no entanto, ainda não jogam a toalha e acreditam na possibilidade de o pedetista chegar ao segundo turno por um crescimento em São Paulo na reta final de campanha. As informações são do jornal Valor Econômico.
“Ciro será o depositário fiel dos conservadores lúcidos. São Paulo e o voto das mulheres, ao final, vão decidir esta campanha”, afirmou o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, ao Valor na saída do debate. Coordenador da campanha de Ciro, Lupi encarou como natural o candidato do PDT ter declarado que, se eleito, prefere governar “sem o PT”. Os “conservadores lúcidos”, segundo Lupi, são os eleitores que percebem a inviabilidade da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), “em queda consistente”, e não consideram a hipótese de votar no PT e tampouco em Jair Bolsonaro (PSL).
O presidente do PDT ponderou ainda que o PT “sacaneou muito o Ciro” ao tentar neutralizar uma aliança dele com o PSB. O PSB ficou neutro na disputa no primeiro turno e não lançou nenhuma candidatura.
Ao chegar nos estúdios do SBT, Lupi foi abordado por Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula e um dos coordenadores da campanha de Haddad. “Deixa eu dar um abraço no meu japonês favorito”, disse o presidente do PDT. Okamotto, que falava com jornalistas, disse discretamente que Lupi precisa ir a Curitiba visitar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sinalizou, ainda, que precisava conversar com o presidente do PDT.
“Eu adoro o Lula. Eu vou [a Curitiba]. Só que neste momento eleitoral é ruim”, afirmou Lupi, ao final do debate. O presidente do PDT relembrou que tanto ele quanto Ciro Gomes tentaram visitar Lula na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Lupi foi ministro do Trabalho nos governos Lula e Dilma.
Segundo Paulo Okamotto, o ex-prefeito Fernando Haddad proibiu qualquer movimentação para discutir apoios e alianças num eventual segundo turno. Primeiro, disse o coordenador da campanha petista, é preciso chegar ao segundo turno e o PT precisa ter “humildade”.
Durante o debate, Haddad reforçou que está aberto ao diálogo e que eventuais alianças serão construídas a partir de compromissos. “Eu não vou demonizar ninguém”, ressaltou durante o debate, ao ser questionado sobre seu governo.
Já Ciro Gomes tentou se mostrar como o mais habilitado a governar o país. Disse que consegue dialogar “pelo centro, pela direita”, e que tem “bons amigos” em todos os campos partidários. O candidato do PDT, também dando sinais de que ainda vê chances de uma reviravolta ao final que lhe coloque no segundo turno, fez elogios a alguns políticos do MDB, quando questionado se colocaria pessoas do partido em seu governo. Ciro citou, como “pessoas decentes”, o ex-governador Jarbas Vasconcelos (PE), o senador Roberto Requião (PR) e Mauro Benevides. Os candidatos querem deixar pontes para um segundo turno.
