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Por Redação O Sul | 17 de fevereiro de 2018
As seis primeiras colocadas escolas de samba do Grupo Especial voltam, a partir da noite deste sábado (17), para o desfile das campeãs na Marques de Sapucaí. A festa começa com a Mocidade Independente de Pare Miguel, às 21h15min, seguidas de Mangueira, Portela, Salgueiro, Paraíso do Tuiuti e a Beija-Flor de Nilópolis, a campeã deste ano.
Na Avenida Presidente Vargas, já estão posicionadas ao longo da pista central os carros alegóricos das seis agremiações e equipes fazem os últimos ajustes nos veículos. O policiamento reforçado no Estado também será empregado no desfile das campeãs da Avenida e na Avenida Intendente Magalhães, em Vila Valqueire.
Paraíso do Tuiuti
O troféu de vice-campeã da Paraíso do Tuiuti foi recebido na quadra em São Cristóvão aos gritos de ‘É campeã!’ pelos torcedores. De vilã, em 2017, a protagonista de um desfecho apoteótico no carnaval 2018, a escola já tinha sido coroada na terça-feira a grande vencedora do Prêmio Tamborim de Ouro, concedido pelo jornal “O Dia”, e virou a página em sua história botando o dedo em feridas sociais, políticas e trabalhistas.
Sobrou ousadia para colocar na Sapucaí um ator fantasiado de vampiro em alusão ao presidente Michel Temer. O enredo ‘Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?’, do carnavalesco Jack Vasconcelos, comparou a Reforma Trabalhista a um retrocesso como o trabalho escravo.
Operários usando a carteira de trabalho como escudo contra os ataques às leis trabalhistas reforçaram a mensagem. Manifestantes batedores de panela montados em patos da Fiesp, manipulados como marionetes, serviram de crítica aos movimentos pró-Impeachment de 2016. Colarinhos brancos, moedas de ouro e mãos acorrentadas retrataram a desigualdade social e a corrupção.
“Eu precisava que as pessoas entendessem o que a gente estava falando. Lancei mão de uma figura pública e a encarei como charge. Não é pessoal, é uma crítica a um grande sistema”, destacou Vasconcelos.
O presidente Renato Thor ressaltou que o resultado foi uma espécie de vitória moral. Fundada há 65 anos, a agremiação nunca tinha saído do último lugar no Grupo Especial, onde desfilou apenas três vezes. Foi também a responsável pelo acidente com um carro alegórico desgovernado que matou a radialista Liza Carioca e deixou 19 pessoas feridas no ano passado. Só não foi rebaixada por decisão extraordinária da Liesa. “A comunidade faz a diferença, sem esse povo eu não sou ninguém. É o ano da superação. É um título sim. Tuiuti é campeão!”, comemorou Thor.
A apuração foi acirrada do início ao fim e a Tuiuti só pulou do terceiro para o segundo lugar no último quesito, samba-enredo, totalizando 269,5 pontos. Somente um décimo a menos que a vitoriosa Beija-Flor. Motivo de orgulho para Moacyr Luz, um dos compositores, junto com Claudio Russo, Dona Zezé, Jurandir da Silva e Aníbal.
“Mostramos para o mundo inteiro o que acontece aqui. O Brasil hoje está aí retratado. Quando compusemos a letra, acreditávamos que, se o povo entendesse o samba, ia pegar na Avenida. E pegou”, destacou Jurandir.