Armando Burd Sem acessório para esconder
Por Redação O Sul | 21 de outubro de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Falta uma semana para que seja retirado o biombo, peça famosa e decorativa utilizada nas campanhas eleitorais. A partir de do dia 29 deste mês, conhecidos os vencedores, começará o enfrentamento com os graves problemas dos governos federal e estaduais, que ficam escondidos durante a campanha.
Não será desta vez
O que os candidatos deixarão de tratar no 2º turno: 1) Os tributos e as contribuições em número excessivo, com alíquotas exageradamente altas; 2) o federalismo torto, que promove o passeio do dinheiro de municípios e estados à Ilha da Fantasia.
O que vem pela frente
Os candidatos à Presidência da República devem parar de admirar o que não deu certo e assumir o compromisso de promover, em caso de vitória, as reformas prometidas há décadas.
Tem pressa
O PDT gaúcho vai propor ao diretório nacional que dê trégua de meio ano ao futuro presidente da República e, logo depois, lance Ciro Gomes à sucessão de 2022. Não quer esperar os últimos seis meses de campanha para conquistar votos.
Filtro necessário
A cláusula de barreira, que começou a funcionar nestas eleições, vai reduzir o processo de desvalorização e banalização acelerada dos partidos políticos. É um equívoco acreditar que a Democracia se mede pelo grau de pluralismo partidário, no sentido quantitativo. O que vale é a qualidade, a representatividade e a forma de incorporar nos programas os interesses de grupos sociais.
Negociatas
O que mais se viu, ao longo do tempo, foi a negociação de nanicos com partidos maiores, por meio da cessão de tempo para propaganda em rádio e TV, em troca de cargos nos governos, na hipótese de vitória.
Pequeno equívoco
Pedro Parente, até junho deste ano, presidiu a Petrobras.
A 21 de outubro de 1998, quando exercia o cargo de secretário executivo do Ministério da Fazenda, declarou que o ajuste fiscal, que integrava acordo negociado com o Fundo Monetário Internacional, era a única alternativa para evitar a falência do governo. Enganou-se. Passados 20 anos, a crise aumentou muito, mas a falência existe apenas para a iniciativa privada. Só o setor público pode emitir moeda ou fazer empréstimos de forma ilimitada para tapar buracos.
A que ponto chegamos
A mais recente pesquisa Percepções da Crise, realizada pela Fundação Getúlio Vargas, mostra que 68 por cento dos entrevistados em todo o país têm receio de sair de casa à noite. Fica comprovado: ficar atrás de grades é para a população honesta e trabalhadora.
Falhou a vigilância
Raras vezes na História, Porto Alegre viveu um momento tão dramático com déficit de quase 1 bilhão de reais no orçamento de 2019. O corpo técnico da Prefeitura esgotou as possibilidades de reduzir a diferença entre despesas e receitas. Os vereadores iniciam a análise dos números e setores organizados da sociedade não podem ficar de braços cruzados.
Quem se habilita?
Em 1989, Akio Morita, criador da Sony, publicou com o político Shintaro Ishihara o livro O Japão que Sabe Dizer Não. O mesmo título está à espera de um autor no Brasil, que não pense apenas na sobrevivência eleitoral. Nosso país deve saber dizer não ao desemprego, à corrupção, ao aumento da dívida, ao índice assustador do analfabetismo e à violência urbana.
Há 16 anos
A 21 de outubro de 2002, os jornais noticiaram que “o dólar chegou a ser negociado a 4 reais, recorde no Plano Real”. Era o temor com a mudança dos ventos se o candidato Lula viesse a ser eleito. Temor logo afastado.
Má interpretação
Numa roda de amigos, ontem, o mais falante gritou alto: “Já caiu o que tinha que cair.” Quando um desatento perguntou quem era o candidato, ouviu como resposta: “Me refiro ao Neymar.”
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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