Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 9 de abril de 2017
Diante das frequentes e quase diárias críticas do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao governo do presidente Michel Temer, parlamentares da legenda relataram que o comportamento do senador tem causado “desconforto” entre os integrantes da bancada.
A série de críticas de Calheiros à condução do governo começou no mês passado. À época, ele declarou, repetidas vezes, que a gestão Temer sofre influência do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso e condenado na Lava-Jato. Com as afirmações do senador, coube ao próprio presidente dizer, em entrevista, que Cunha não influencia as decisões do Executivo.
Desde então, Calheiros passou a dirigir críticas, com maior frequência, às diversas medidas adotadas pelo governo, principalmente na área econômica. O parlamentar disse nesse período, por exemplo, que o governo Temer agiu de forma “errática” ao enviar ao Congresso algumas reformas, como a da Previdência Social, sem ouvir a bancada peemedebista no Senado.
O ex-presidente do Senado também foi responsável por comandar uma reunião da bancada do PMDB na qual foi redigida uma nota, assinada por 9 dos 22 parlamentares do partido, contra a sanção, por Temer, do projeto aprovado pela Câmara sobre a terceirização. Mesmo com o movimento, Temer sancionou a proposta.
Um colega de bancada de Calheiros afirmou, sob condição de anonimato, que a série de críticas do líder do PMDB ao presidente está provocando “constrangimento”. “Como senador, Renan tem todo direito de expressar seu descontentamento com o governo, mas deve ter cuidado ao se posicionar como líder, para evitar esses constrangimentos da bancada com o governo”, disse esse parlamentar.
“Há um desconforto muito grande. Essa postura está criando focos de insatisfação na bancada. Mas também não tem ninguém com perfil para liderar o PMDB no Senado neste momento de turbulência”, acrescentou.
Para outro senador do PMDB, que também pediu para não se identificar, Calheiros tem feito declarações “esquisitas” sobre Temer. “Se o Renan, como líder, fizer uma orientação de votação contra o governo, eu não vou acompanhar. Ele é o líder, porém não sou obrigado a seguir sua orientação. Mas eu sou um conciliador, acho que temos que esquecer essas picuinhas, pensar no Brasil”, disse. “Não sei se chega a ter uma divisão [na bancada], mas há esse estranhamento”, completou.
Para uma parte dos parlamentares peemedebistas ouvidos pela reportagem, a série de críticas de Calheiros às medidas de Temer são motivadas pelas eleições do ano que vem, uma vez que o mandato do senador termina em 2018. “Renan está em uma situação complicada nas pesquisas em Alagoas. Com essas atitudes, ele espera uma reação popular”, disse um senador peemedebista. (AG)