Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 13 de setembro de 2019
Segundo o jornalista Guilherme Amado, da revista Época, embora tenha topado amaciar o presidente da República, Jair Bolsonaro, no Twitter, em lives do Facebook e até publicamente, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, ainda “não se sente entre os seus”. Quase não tem interlocutores no governo.
Conversa com poucos na Esplanada, entre eles Paulo Guedes e Eduardo Villas Bôas. Com o restante, a relação é protocolar. Sente-se especialmente desconfortável com o linguajar de Bolsonaro sobre uma série de assuntos. Mas, até semanas atrás, tudo parecia valer a pena em nome de colocar de pé, agora no Executivo, estruturas eficazes no combate à corrupção.
Em nome de avançar em uma agenda dura de repressão ao crime de colarinho branco, valeria ignorar as frases grosseiras de Bolsonaro, muitas vezes ditas a seu lado, os escândalos do PSL e do gabinete de Flávio Bolsonaro, a bizarrice cometida pelos ministros da selva olavista. Uma cadeira no Supremo Tribunal Federal seria consequência de um bom trabalho no Ministério da Justiça. Mas tudo mudou. Em seu nono mês como ministro, Moro está exaurido.
E, segundo pessoas de sua confiança, decidido: se uma canetada de Bolsonaro tirar Maurício Valeixo da direção-geral da PF (Polícia Federal) e não colocar em seu lugar alguém da confiança de Moro, o ministro deixará o governo.
A insatisfação de Bolsonaro com Moro começou quando o presidente, em 26 de maio, no domingo em que convocou a população para ir às ruas defender seu governo, se deparou com um boneco inflável do Super-Moro, em Brasília. Ninguém se lembrou do Super-Bolsonaro. Aliás, não havia nem um chaveirinho de lembrança com o rosto do presidente. As pesquisas, que Bolsonaro diz menosprezar, deixaram-no ainda mais enciumado. Moro era e ainda é bem mais popular que ele.
Em nota, Moro disse que a sua possível saída do governo se trata de “especulação de terceiros”.