Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 11 de junho de 2019
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, vai depor na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado na próxima semana. A audiência foi marcada para quarta-feira (19).
A data foi definida depois de um acordo entre o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e os líderes da oposição. “Ele escreveu uma carta se colocando à disposição, e nós aceitamos ouvi-lo na próxima semana”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Moro vai falar sobre o escândalo das mensagens reveladas pelo site The Intercept Brasil. Nelas, o ex-juiz federal aparece dando pistas, conselhos, indicando testemunhas e até antecipando decisões para procuradores da Operação Lava-Jato.
A suposta parcialidade do julgamento dele nos casos da operação passou a ser questionada. A lei exige que o magistrado mantenha distância tanto da defesa quanto da acusação em processos de qualquer natureza.
Supremo
As reportagens do site The Intercept Brasil com bastidores da Lava-Jato caíram como uma bomba em Brasília. Na véspera, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) souberam que haveria um “Wikileaks de Curitiba”, mas sem pistas do potencial das revelações, segundo informações do jornal Folha de S.Paulo.
Membros do Supremo dizem que o conteúdo das revelações é forte e abre margem para questionar a atuação de Sérgio Moro como juiz. Um pedido de suspeição do hoje titular do Ministério da Justiça foi rejeitado por Edson Fachin, mas segue sob análise da Segunda Turma. Dormita nas mãos de Gilmar Mendes, que pediu vista.
Integrantes do Judiciário dizem que, hoje, as chances de uma indicação de Moro ao STF vingar são próximas de zero. A indisposição de parte da Corte com o titular da Justiça é evidente.
No início deste mês, depois de questionar se “não está na hora de termos um ministro do STF evangélico”, o presidente Jair Bolsonaro fez menção a um “Brasil de todas as religiões” e compartilhou em redes sociais um vídeo com referências católicas. Ele também evitou se comprometer com a indicação de Moro ao Supremo.
Ao deixar um almoço na casa de um colega militar, o presidente afirmou que falaria o nome do indicado ao STF no final do próximo ano e se esquivou sobre a indicação do ministro Sérgio Moro à Corte. “Eu sempre falei, durante a pré-campanha e a campanha, que queria alguém no Supremo do perfil do Moro. Mas nada além disso.”