Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 29 de novembro de 2017
O príncipe da Arábia Saudita Miteb bin Abdullah, que já foi visto como um dos principais candidatos ao trono do país, foi solto depois de concordar em pagar mais de US$ 1 bilhão (R$ 3,2 bilhões) para se livrar de denúncias de corrupção contra ele, disse uma autoridade saudita nesta quarta-feira. Ele estava detido no luxuoso hotel Ritz Carlton, em Riad. Não ficou claro, porém, se ele foi tranferido para prisão domiciliar.
Miteb, de 65 anos, filho do falecido rei Abdullah e ex-chefe da Guarda National, estava entre dezenas de membros da família real, altos funcionários e empresários detidos neste mês, em decorrência da atuação de um comitê anticorrupção, criado em decreto pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.
Uma autoridade saudita, que está envolvida no comitê e falou à agência de notícias Reuters sob condição de anonimato, disse que Miteb foi solto nesta terça-feira após chegar a “um acordo aceitável”. O oficial contou que acreditava que a soma acertada ultrapassaria US$ 1 bilhão.
“Sabe-se que o acordo incluiu a admissão de corrupção envolvendo casos conhecidos”, afirmou o funcionário, sem fornecer mais detalhes. Ainda de acordo com ele, o príncipe Miteb, o primeiro a ser libertado entre os detidos, foi acusado de desfalque, por contratar funcionários fantasmas e adjudicar contratos para suas próprias empresas, incluindo um acordo para radiocomunicadores e equipamentos militares à prova de balas.
Cerca de 200 pessoas foram interrogadas na atuação do comitê, segundo autoridades. As alegações, que incluem propinas, inflação de contratos governamentais, extorsão e suborno, não podem ser verificadas independentemente.
Os funcionários do gabinete do príncipe Miteb também não se pronunciaram sobre a libertação, mas um conhecido da família disse anteriormente em sua conta no Twitter que o príncipe Miteb estava recebendo irmãos e filhos em seu palácio em Riad.
Acordos
As autoridades sauditas, que estimam que poderiam eventualmente recuperar cerca de US$ 100 bilhões de fundos ilícitos, trabalham para chegar a acordos com suspeitos detidos, também no hotel, pedindo-lhes que entreguem ativos e dinheiro em troca de sua liberdade.
Além do príncipe Miteb, o funcionário saudita disse que pelo menos três outros suspeitos tinham finalizado os acordos de liquidação e que o promotor público havia decidido divulgar vários indivíduos. O promotor decidiu colocar pelo menos cinco pessoas em julgamento, mas não informou quais.
Ainda não se sabe o destino do bilionário príncipe Alwaleed bin Talal, presidente da empresa de investimentos Kingdom Holding e um dos empresários internacionais mais proeminentes da Arábia Saudita. O reino emitiu uma declaração, no início deste mês, dizendo que continuava a operar normalmente, mas não respondeu a perguntas sobre seu status desde que ele foi detido.
Duas fontes sauditas disseram à imprensa europeia que, até agora, o príncipe Alwaleed se recusou a chegar a um acordo e pediu acesso a seu advogado para lutar contra denúncias contra ele; A agência não conseguiu resposta da família, advogado e funcionários do escritório dele.
As detenções dos reis e dos principais empresários foram bem recebidas por muitos sauditas que estão frustrados com a corrupção. Mas o comitê também é visto por muitas pessoas como um passo preventivo pelo príncipe Mohammed para remover qualquer possível desafio para o controle dele sobre o petróleo, usado para exportação.