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Brasil Tecnologia complica a vida de criminosos em fuga para o Brasil

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Sob a era digital, o número de prisões de procurados pela polícia internacional no Brasil deu um salto. (Foto: Reprodução)

Câmera fotográfica, laboratório de revelação de imagens e um fax. Não faz muito tempo que todo esse aparato era o que havia de mais moderno e imprescindível para a caçada de foragidos internacionais pela Interpol. Hoje o acesso em larga escala a smartphones, aplicativos e programas capazes de compilar dados e estabelecer comunicação em segundos tornou o cerco a fugitivos quase imediato. Sob a era digital, o número de prisões de procurados pela polícia internacional no Brasil deu um salto.

Segundo dados da Polícia Federal, entre 1995 e 1999, o maior número de prisões registradas em um ano foi de 15 em 1997. A partir de 2000, as capturas nunca ficaram abaixo de 20 e, em 2015, chegou a 56 foragidos presos, recorde nos últimos 22 anos. Em 2016, foram 46.

Ex-diretor da Interpol no Brasil, Jorge Pontes resume em uma frase a dimensão dessa transformação nos procedimentos investigatórios de foragidos, que começou no início dos anos 2000 e se consolidou com a chegada dos celulares com acesso à internet.

“Hoje, se tirarem todas as armas da Polícia Federal, ela segue funcionando. Mas se tirarem o sinal da internet, se derrubarem os sistemas de dados, o acessos aos nossos bancos, paramos”, afirmou Pontes.

Na semana passada, o empresário Eike Batista passou a ter o FBI (polícia federal americana) na sua cola nos Estados Unidos horas depois de um mandado de prisão ter sido expedido no Brasil. No dia seguinte à prisão do empresário, o ex-número 1 da Interpol brasileira disse, em entrevista a um site de notícias, que “o mundo ficou menor para criminosos em fuga”.

“Fugas planetárias como a do Ronald Biggs não existem mais. O criminoso até consegue chegar ao seu destino mas não dura”, disse o delegado aposentado.

Biggs ficou conhecido como o maior ladrão do século 20 pelo assalto ao trem pagador em Londres nos anos 1960. Ele viveu 30 anos no Brasil, foragido. O país está entre os destinos mais procurados por fugitivos estrangeiros até hoje. Desde meados dos anos 2000 o escritório da Interpol no Brasil tornou-se referência para a Polícia Internacional na caçada de procurados. Um manual feito por policiais federais brasileiros passou a ser adotado em diversos países parceiros da Interpol.

Não é possível dizer que o aumento é resultado apenas do avanço tecnológico, mas, para Pontes, ele teve papel fundamental.

“Me lembro quando comecei na Interpol. Uma vez a gente teve a informação de que um foragido estava embarcando para a Alemanha. Precisávamos avisar o colega da BKA (departamento federal de polícia alemão). Se fosse hoje, bastaria um celular no bolso e o policial tiraria uma foto do procurado e mandaria online para qualquer escritório da Interpol. Naquele tempo, tínhamos que tirar uma foto com uma câmera, revelar, mandar por fax e, quase sempre, enviar uma descrição do tipo físico do procurado porque a qualidade da imagem era baixa.”

Atualmente, há 160 brasileiros foragidos na lista de procurados da Interpol.

Novos mecanismos 

O acesso à tecnologia, entretanto, funciona para bem e para o mal. Os criminosos também passaram a ter mais recursos para suas fugas, como comunicação à distância facilitada por aplicativos antirrastreamento e movimentação de dinheiro em tempo real.

“A evolução tecnológica da comunicação é uma tendência mundial e acessível a qualquer um. O que precisa é ter recurso tecnológico para fazer frente a esse avanço que é utilizado pelo criminoso. Todo criminoso precisa se comunicar. Logo, a polícia tem que interceptar essa comunicação, seja ela qual for — diz o delegado aposentado e autor de livros sobre a introdução da tecnologia nas atividades policiais Celso Moreira Ferro Júnior.

Nesse jogo de gato e rato, um terceiro elemento tem feito a diferença: a ajuda da população na busca de foragidos.

“O bandido em fuga está sozinho ou, no máximo, acompanhado de duas pessoas. A polícia tem a sociedade. Cada cidadão tem hoje um celular que tira foto e tem acesso à internet. A probabilidade de um foragido ser reconhecido e essa informação chegar à polícia é muito mais alta hoje do que era dez anos atrás”, diz o ex-diretor da Interpol.

Para incentivar denúncias também de foragidos brasileiros dentro do país, em 2014 o Ministério da Justiça criou um aplicativo para celular (Sinesp Cidadão) que permite que qualquer pessoa que tenha um celular pesquise se um conhecido tem mandado de prisão expedido no país. Basta ter o nome ou dados de algum documento para obter a informação se há algum pedido de prisão expedido.

Em termos de tecnologia para investigação criminal, ambos os delegados disseram que o Brasil tem tido acesso às ferramentas mais modernas disponíveis no mundo. O que nos coloca em posição inferior a países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, é a abrangência do uso desses recursos.

“O que temos de diferente para a polícia americana é que eles têm mais dinheiro e isso impacta no tamanho da estrutura policial. O acesso à tecnologia ainda está muito setorizado em áreas de inteligência no Brasil. Precisa de mais investimento para que a tecnologia esteja disponível em todas as pontas”, avaliou Ferro Júnior. (AG)

tags: tecnologia

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https://www.osul.com.br/tecnologia-complica-a-vida-de-criminosos-em-fuga-para-o-brasil/ Tecnologia complica a vida de criminosos em fuga para o Brasil 2017-02-05
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