Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de maio de 2018
O presidente Michel Temer decidiu ouvir seu círculo pessoal de conselheiros e não deve mais formalizar nesta terça-feira (22) sua desistência da disputa presidencial. Embora já tenha dito ao ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles há duas semanas que não será candidato, o presidente pretende adiar o anúncio formal para evitar perder relevância política no momento em que os partidos da base discutem a composição das alianças eleitorais de outubro.
Ministros do núcleo palaciano estão aconselhando o presidente Michel Temer a adotar um tom genérico durante o evento do MDB, falando dos avanços da economia e tratando Meirelles como uma possibilidade. Temer já desistiu de ser candidato, mas há o temor de ele ficar alijado das negociações caso seja firme na escolha de um candidato que não seja ele neste momento. Segundo aliados, Temer estará na abertura do evento e pretende discursar.
“É preciso ter calma nesta hora”, disse um ministro, ao ser perguntado se Temer seria taxativo ao anunciar sua desistência e a candidatura formal de Meirelles.
Mas há uma guerra dentro do MDB. O presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR), formatou o encontro desta terça como um palco para o lançamento de Meirelles como candidato. Meirelles, Jucá e o ministro Moreira Franco darão uma coletiva sobre a plataforma batizada de “Encontro com o Futuro”. A avaliação de Jucá e de outros senadores é que Meirelles precisa ser lançado agora como teste, para ver se sua candidatura será viável ou não até final de julho.
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que, para ele, Temer é o melhor nome.
Temer tem sido pressionado a anunciar sua desistência por uma parcela cada vez maior de aliados no MDB. O grupo receia que a impopularidade do governo atrapalhe projetos eleitorais nos Estados e acredita que a desistência do presidente poderia liberar o partido para construir o nome do ex-ministro Henrique Meirelles ou até mesmo para formalizar alianças regionais com outros partidos. Por outro lado, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e de Minas e Energia, Moreira Franco, defendem que Temer atrase o anúncio e evite, assim, marcar o fim simbólico do governo.
Nesta terça-feira, o MDB vai lançar o documento “Encontro com o Futuro”, uma peça de 45 páginas que sustenta a importância do equilíbrio das contas públicas e propõe um aprofundamento na agenda reformista ao defender a redução das despesas obrigatórias da União.
Inicialmente prevista, a fala de Temer no evento tornou-se uma incógnita. O presidente poderia abandonar de vez a possibilidade de candidatura e anunciar o nome de Meirelles para o cargo. Até a tarde desta segunda-feira, porém, os organizadores do evento não sabiam dizer qual seria o discurso de Temer. Além do presidente, devem falar Romero Jucá, o presidente do MDB, o ministro Moreira Franco e o próprio Meirelles.
“A fala de Temer é um mistério, mas é fato que o palácio tem trabalhado para evitar que ele declare Meirelles o candidato”, diz um dos integrantes da cúpula do MDB.
Na noite de domingo (20), membros da direção da legenda e coordenadores de núcleos internos, como mulheres, juventude e sindical, se reuniram para fechar os últimos pontos relacionados à organização do evento, que pode ter de camisetas a banners de Temer e Meirelles compondo a decoração da Fundação Ulysses Guimarães, local onde acontecerá o evento.