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Literatura Trechos do diário de Renato Russo estarão em livro a sair em julho

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(Foto: Otávio Dias de Oliveira/Folhapress)

“Nunca me interessei muito por outras pessoas (mesmo antes de minha dependência). Isto é um desabafo. Quero colo! Acabou de tocar na rádio ‘Just the Way You Are’ e agora entrou ‘Be My Baby’. Poder superior! Acho que vou conseguir. (Xô, autopiedade!)”.

Todos os dias, na clínica de reabilitação no Rio de Janeiro, internos deveriam escrever o “evento significativo” da vez. Em 4 de maio de 1993, o de Renato Russo (1960-­1996) expunha o conflito interno do homem que se dizia indiferente aos outros enquanto pedia colo. A reportagem teve acesso a parte do diário que o vocalista da Legião Urbana escreveu ao passar 29 dias na Vila Serena ­para se livrar de vícios como a heroína. Feito como exercício terapêutico, o relato da “rehab” será lançado em julho, pela Companhia das Letras, intitulado “Só por Hoje e para Sempre”.

Trecho do diário. (Foto: Reprodução)

Trecho do diário. (Foto: Reprodução)

Nele, o músico revela: “Novamente a impressão é de que meu esforço é em vão (o que imagino que sentiu o irmão do filho pródigo quando este volta para a casa). Não sei. Acho que estou com medo de enfrentar minha nova vida ­e não tenho escolha”. Não mesmo. Em 1990, num show da Legião em Minas, Renato começou cantando duas músicas “completamente desinteressado e blasé”, lembra o guitarrista da banda, Dado Villa-­Lobos. Anunciou a terceira música: “Ainda É Cedo”.

Já era tarde. Deixou o palco e caiu estatelado no camarim, com a pressão galopando a 21 por 18 e muita cocaína no sangue. Um ano antes, começou a “fase negra do Renato”, conta Dado no livro “Memórias de um Legionário”, que será lançado nesta quarta-feira (27) em São Paulo. Numa viagem a Nova York, conforme o relato do guitarrista, o cantor conheceu Robert Scott, “um catador de lixo boa-­pinta que morava na Market Street, em San Francisco”. O namoro não durou. As sequelas sim.

Scott o apresentou à heroína e, suspeita­-se, lhe transmitiu aids ­que o mataria sete anos depois. Em 1995, Renato falou sobre a droga em entrevista à revista “Marie Claire”. “Uma coisa meio ‘junkie’ mesmo. A gente usava para ficar namorando. Não usávamos agulha nem nada. Era só fazer uma cabecinha de palito de fósforo… E o mundo fica maravilhoso por oito horas.”

O vício piorou muito antes de Renato voltar aos trilhos, após aqueles 29 dias na Vila Serena. Ele escreveu a música “Vinte e Nove” em seguida: “Perdi vinte em vinte e nove amizades/ Por conta de uma pedra em minhas mãos”. O artista costumava desenhar coraçõezinhos em letras de música e relatos-confessionais. “Parece precursor da onda <3 na internet”, diz a editora do diário, Sofia Mariutti.

A Companhia das Letras planeja mais quatro volumes com escritos encontrados no apartamento de Renato, em Ipanema. Uma peça e um romance inéditos estão no pacote, assim como uma exposição no MIS­SP (Museu da Imagem e do Som) em 2017, diz Giuliano Manfredini, de 26 anos, filho do artista ­com quem Dado e Marcelo Bonfá, os remanescentes da banda, são brigados. A ficção, adianta, chama­-se “42nd Street” e “narra a trajetória de uma banda de rock, em que o protagonista se chama Eric Russell, um alter ego de meu pai”. (Anna Virginia Balloussier/Folhapress)

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