Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 13 de outubro de 2017
O presidente americano Donald Trump vai dizer nesta sexta-feira (13) que o acordo nuclear com o Irã não segue mais os interesses de segurança dos Estados Unidos. O anúncio, no entanto, não acabará com o pacto ou retomará imediatamente as sanções ao país, segundo declaração do secretário de Estado Rex Tillerson citada por agências internacionais.
“A intenção é que permaneceremos no JCPOA, mas o presidente vai descertificar”, disse o secretário, referindo-se ao acordo multilateral firmado em 2015, segundo a France Presse. Ele indicou que o futuro do texto ficará agora nas mãos do Congresso.
Trump fará o anúncio em discurso na Casa Branca às 13h45min (horário de Brasília). Ele deverá detalhar, segundo Tillerson, uma abordagem mais combativa em relação ao Irã e seus programas nuclear e de mísseis balísticos, além de seu apoio financeiro e militar a grupos extremistas no Oriente Médio.
A lei obriga o presidente a certificar ou não no Congresso, a cada 90 dias, que Teerã respeita o acordo e que este é do interesse dos EUA. Se a “descertificação” se confirmar, caberá ao Congresso decidir reintroduzir as sanções ou modificar a legislação que rege a participação dos EUA no acordo. Os legisladores terão 60 dias para avaliar o assunto.
Críticas
Desde a campanha presidencial, Trump faz duras críticas ao acordo nuclear firmado pela administração de Barack Obama. “É o pior acordo”, disse o republicano nesta quarta (11), criticando “a fraqueza” do governo anterior frente a Teerã.
O presidente americano está muito isolado sobre o tema. Além de Teerã, os demais signatários do texto – Moscou, Pequim, Paris, Londres e Berlim – já advertiram sobre as consequências imprevisíveis de mudar o que foi acordado.
No discurso, Trump também dará ao Departamento do Tesouro dos EUA maior autoridade para impor sanções econômicas contra pessoas e entidades ligadas às forças militares iranianas, a Guarda Revolucionária, em resposta ao que Washington chama de esforços para desestabilizar e enfraquecer seus adversários no Oriente Médio.
Trump e o Irã
Desde que assumiu, coerente com a doutrina que despreza organismos internacionais, o presidente americano, Donald Trump, deixou o TPP (Tratado da Parceria Transpacífica), o Acordo de Paris para o clima e, ontem, anunciou a saída da Unesco. Mas é a ameaça que paira sobre o acordo nuclear de 2015 com o Irã que definirá sua política externa, segundo análise do blog de Helio Gurovitz.
O acordo com o Irã tem uma característica que o distingue dos demais pactos internacionais desdenhados por Trump: tem importância não apenas para o frágil equilíbrio no Oriente Médio, mas para a estabilidade nuclear global, já ameaçada pela Coreia do Norte.
A rede de televisão NBC relatou recentemente que Trump está incomodado com o tamanho do arsenal nuclear americano, que considera insuficiente para deter a ameaça norte-coreana. Gostaria de multiplicá-lo por dez. A ruptura do acordo com o Irã poderia lhe oferecer o pretexto necessário para voltar a investir no acúmulo de armas atômicas.