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Por Redação O Sul | 13 de janeiro de 2019
O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, informou neste domingo (13) que um avião do governo italiano foi enviado para a Bolívia para buscar Cesare Battisti. O italiano fará escala no Brasil antes de ser extraditado para o seu país.
“Um de nossos aviões está viajando para a Bolívia, com o objetivo de tomar Battisti e trazê-lo de volta para a Itália. Esperando por ele aqui teremos nossas cadeias para expiar as sentenças de prisão perpétua que os tribunais italianos infligiram na época com sentenças proferidas em julgamento, certamente não por causa de suas ideias políticas, mas pelos quatro crimes cometidos e pelos vários crimes relacionados à luta armada e ao terrorismo”, disse pela manhã no Facebook o premiê.
O primeiro-ministro elogiou o esforço dos serviços de inteligência e as forças policiais italianas e a colaboração das autoridades brasileiras e bolivianas.
Escala
O italiano Cesare Battisti fará escala no Brasil antes de ser extraditado para a Itália. A decisão foi anunciada pelo ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, após reunião no Palácio da Alvorada, com o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, e o chanceler Ernesto Araújo. Foragido desde dezembro, Battisti foi capturado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, por volta das 17h de sábado (12).
Mesmo com o anúncio de deslocamento de uma avião italiano, Heleno disse que Battisti será trazido para o Brasil num avião da Polícia Federal e trocará de avião antes de seguir para a Itália. Segundo ele, o avião que buscará o italiano na Bolívia não tem capacidade para voar direto até a Europa, tornando necessária a escala.
Nota
Em nota conjunta, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Ministério das Relações Exteriores disseram que estão tomando todas as providências necessárias, em cooperação com o Governo da Bolívia e com o Governo da Itália, para cumprir a extradição de Battisti e entregá-lo às autoridades italianas.
Captura
Foragido desde dezembro, Battisti foi capturado em Santa Cruz de La Sierra por volta das 17h de sábado (12). Segundo relatos, ele não tentou escapar. Questionado pelos policiais, respondeu em português. O italiano usava calça azul e camiseta, óculos escuros e barba falsa.
A extradição do italiano foi determinada pelo STF (Supremo Tribunal Federal), em 13 de dezembro do ano passado.
As autoridades avaliam se a extradição para a Itália será feita diretamente da Bolívia ou se Battisti será enviado para o Brasil e, assim ser encaminhado para a Europa.
Condenação
Em 1988, Battisti foi condenado na Itália por quatro homicídios cometidos quando integrava o grupo Proletariados Armados pelo Comunismo. Ele chegou ao Brasil em 2004, onde foi preso três anos depois.
Battisti foi solto da Penitenciária da Papuda, em Brasília, em 9 de junho 2011. Ele voltou a ser preso em outubro do ano passado na cidade de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, perto da fronteira do Brasil com a Bolívia. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), ele tentou sair do País ilegalmente com cerca de R$ 25 mil em moeda estrangeira. Após a prisão, Battisti teve a detenção substituída por medidas cautelares.
Com a decisão de Temer, a Itália conseguiu algo que vinha pedindo ao governo brasileiro há oito anos. O governo italiano pediu a extradição de Battisti, aceita pelo STF. Contudo, no último dia de seu mandato, em dezembro de 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que Battisti poderia ficar no Brasil, e o ato foi confirmado pelo Supremo.