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Brasil Um brasileiro chegou à França sem saber falar a língua, repetiu o ano na escola e, em dois anos, conseguiu a nota mais alta do “Enem francês”

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Felipe Levtchenko Penafiel decidiu aprender o idioma por conta própria. (Foto: Reprodução)

O resultado da temporada de vestibulares da França, divulgado na primeira semana de julho, surpreendeu alunos e professores. No ano em que as eleições presidenciais do país foram pautadas pela questão da imigração, um imigrante dividiu o topo das classificações do chamado Bac, o exame francês de conclusão do ensino médio.

Dentre os primeiros colocados surgiu Felipe Levtchenko Penafiel, de 20 anos, brasileiro que decidiu há dois anos morar em Perpignan, no extremo sul do país, e aprender por conta própria o francês. A média geral de Felipe atingiu 19,26 pontos num total de 20. Segundo as estatísticas do Bac, esse resultado o colocou à frente de cerca de 80% dos mais de 700 mil inscritos -o feito atraiu até a atenção de jornais franceses.

Assim como ocorre com o Enem no Brasil, é com esse resultado que Felipe e os demais alunos franceses se candidatam aos cursos de ensino superior do país.

Várias avaliações são aplicadas ao longo de todo o ensino médio, cobrindo uma ampla gama de disciplinas. Matérias como história, matemática, física, geologia e o francês -idioma que Felipe nunca tinha estudado e que aprendeu por conta própria, segundo ele, “mergulhando” no dia a dia e “tentando ser um pouco autodidata”.

Como recompensa, ele foi convidado para dois cursos de graduação, que decidiu frequentar ao mesmo tempo a partir do segundo semestre: matemática, na prestigiada Sorbonne, e ciências sociais, no Instituto de Estudos Políticos de Paris, a Sciences Po.

Seu resultado do Bac também veio acompanhado dos cobiçados “cumprimentos do júri”, menção atribuída somente às raras médias finais que superam os 18 pontos.

“O mais engraçado dessa história é que nunca fui o gênio da sala”, conta Felipe após uma aula de surf no balneário de Biscarrosse, próximo à fronteira com a Espanha, onde divide as férias de verão com um emprego temporário de garçom num camping. “Eu diria que era mais um aluno mediano, sem muito empenho, que se contentava com notas dentro da média”.

Foi em setembro de 2015 que Felipe se mudou para a França. “Eu tinha uma ideia muito vaga do que queria, pensava apenas em fazer um intercâmbio, nada além disso”, conta. Até então, estudava na Escola Waldorf Rudolf Steiner, em São Paulo, famosa por abrir mais espaço que outras escolas para matérias e disciplinas ligadas às artes.

As únicas ligações com a França eram um avô, filho de imigrantes russos nascido em Toulouse, e a mãe, hoje aluna do curso de francês da Universidade de São Paulo.

A seu ver, a decisão de morar fora do Brasil, em um país cuja língua desconhecia, renovou seus ânimos e lhe proporcionou um desafio. “Eu tive que me virar ou abandonaria tudo e voltaria para o Brasil”, diz ele.

Por causa das dificuldades com a língua francesa, Felipe foi reprovado no segundo ano do ensino médio. “Entendia muito pouco do que ensinavam nas aulas, mas nunca desanimei”, conta.

Seus amigos e professores se mobilizaram para ajudá-lo, em especial uma professora de alemão, que acabou por hospedá-lo em sua casa por três meses e passou a lhe ensinar também o francês.

Ao recomeçar o segundo ano do ensino médio em 2016, vieram as primeiras provas do Bac. E ele, para surpresa de todos, não deixou nada a desejar: teve notas máximas em história, geografia, física, química e biologia.

E o francês, velho algoz, desencantou: 100% de aprovação no exame oral e pouco mais de 50% na prova escrita. “Naquele momento senti que a vida francesa estava começando a me proporcionar maior liberdade e autonomia”.

Felipe define a relação entre alunos e professores na França como algo “muito mais sério e formal” do que no Brasil. “Tive que me habituar a tratar professores como ‘monsieur’ e ‘madame’ antes de conquistar intimidade e chamá-los pelo nome”.

No entanto, acredita que, apesar de certa frieza, a presença deles foi fundamental para definir os rumos de sua vida acadêmica. “Minha professora de filosofia sempre me chamou de ‘monsieur’, mas fez questão de escrever de próprio punho uma carta de recomendação”.

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