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Por Redação O Sul | 27 de fevereiro de 2019
Para engrossar a defesa de um decreto do governo federal, o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP) assinou, na lista de inscrição de oradores da Câmara dos Deputados, o nome de pelo menos quatro colegas de partido que são favoráveis ao projeto. A oposição, agora, acusa o grupo de fraudar rubricas para impedir que parlamentares com opiniões contrárias à proposta do governo tivessem tempo de fala.
Segundo fontes ligadas aos bastidores do Legislativo, a prática não é comum na casa. Ou não deveria ser. Via de regra, cada um assina o seu próprio nome. Tadeu, por sua vez, admite ter colocado a assinatura dos colegas na lista, mas nega que tenha cometido qualquer irregularidade. “É normal, você não está lá na hora e pede para assinarem para você”, declarou à imprensa. “Da próxima vez, eles que peçam a impressão digital, então.”
O incidente ocorreu durante uma sessão de debates sobre um projeto de decreto legislativo que “aprova o texto do acordo entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da Jamaica para o Intercâmbio de Informações sobre Matéria Tributária, assinado em Kingston, em 13 de fevereiro de 2014”, que estava na pauta do dia 21 de fevereiro.
Carla Zambelli (PSL-SP) disse que tudo não passa de “um momento corriqueiro”, em que saiu para tomar um café e pediu para assinarem para ela, e se disse surpresa em saber que seu nome constava da lista de inscritos, porque acabou não discursando. Ela afirmou não saber, até então, que havia problema em assinar a inscrição para os outros parlamentares.
Oposição
De acordo com deputados da oposição, o PSL – partido do presidente Jair Bolsonaro – inscreveu vários deputados para discursar sobre o projeto, deixando a oposição sem espaço para falar. Eles divulgaram uma foto com as assinaturas dos colegas, cujas grafias de Carla Zambelli (PSL-SP), Alexandre Frota (PSL-SP), Coronel Tadeu (PSL-SP) e Coronel Chrisóstomo (PSL-RO) são semelhantes, mas não iguais.
Para esses parlamentares da oposição, houve fraude. “É um absurdo. Uma falsificação. Esse caso pode, inclusive, ser analisado pelo Conselho de Ética da Câmara dos Deputados”, ressalta Dagoberto Nogueira (PDT-MS).
Já a deputada Maria do Rosário (PT-RS) relata que fraudes ocorrem até em inscrições para sessões de debate na Casa. “Quem faz isso quer falar sozinho. Impedir a oposição política”, escreveu a petista em uma rede social.