Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 21 de maio de 2017
O ex-procurador Marcelo Miller, um dos principais auxiliares de Rodrigo Janot no Grupo de Trabalho da Operação Lava-Jato até março deste ano, passou a atuar no escritório que negocia com a Procuradoria-Geral República os termos do acordo de leniência do grupo J&F, que fechou colaboração premiada na operação.
A decisão de Miller de deixar o Ministério Público Federal para migrar para a área privada, que pegou a todos no Ministério Público Federal de surpresa, veio a público em 6 de março, véspera da conversa entre Joesley Batista e Michel Temer, gravada pelo empresário, no Palácio do Jaburu, que deu origem à delação.
Miller passou a atuar no escritório Trench, Rossi & Watanabe Advogados, do Rio de Janeiro, contratado pelo grupo J&F, que controla a JBS, para negociar a leniência, acordo na área cível complementar à delação.
O acordo de delação de Joesley e dos demais colaboradores da JBS é considerado inédito, seja pelo fato de ser a primeira vez que foi utilizado o instituto da ação controlada na Lava-Jato, seja pelos termos vantajosos negociados pelos delatores – que não precisarão ficar presos, não usarão tornozeleira eletrônica, poderão continuar atuando nas empresas e teriam anistia nas demais investigações às quais respondem. A leniência, inclusive os valores que serão pagos pela JBS no Brasil e no exterior, ainda está em negociação. A íntegra do acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não veio a público, apesar de o ministro Edson Fachin ter levantado o sigilo da delação da JBS.
Marcelo Miller era um dos mais duros auxiliares do Grupo de Trabalho de Janot, um núcleo de procuradores especialistas em direito penal recrutado pelo procurador-geral em 2013. (Vera Magalhães/AE)