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Ciência Um implante na bexiga, ainda em fase de testes, pode evitar a urgência de urinar

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Um pequeno dispositivo implantável e macio, com a ajuda de minúsculos LEDs biointegrados, evita a urgência de urinar. (Foto: Divulgação)

Há cerca de cinco anos, poderia parecer, ainda, ficção científica. Mas a chamada medicina bioeletrônica já saiu do campo das ideias para se tornar uma prática em laboratórios. Agora, uma equipe de pesquisadores norte-americanos anunciou que conseguiu reverter uma condição dolorosa e, muitas vezes, incapacitante graças a esse tipo de tecnologia: a bexiga neurogênica. Pessoas com o distúrbio não conseguem controlar o órgão e, com isso, tornam-se incontinentes ou podem ter urgência para urinar mesmo com pouca quantidade de líquido acumulado. Algumas também apresentam os dois problemas simultaneamente. As informações são do Correio Braziliense.

Em modelos animais, neurocientistas e engenheiros restauraram a função da bexiga com um pequeno dispositivo implantável e macio, que detecta a atividade anormal no órgão e, com a ajuda de minúsculos LEDs biointegrados, evita a urgência de urinar. Todos os materiais são compatíveis com os tecidos do corpo e não sofrem rejeição, destacam os pesquisadores, que publicaram o resultado na revista Nature. De acordo com o engenheiro da Universidade de Northwestern John Rogers, trata-se de um sistema bio-óptico em miniatura que, ao contrário de abordagens testadas anteriormente baseadas nas tecnologias bioeletrônicas, consegue atingir um órgão especificamente – nesse caso, a bexiga – e, assim, evita efeitos colaterais.

Com 1cm de diâmetro, o sistema autorregulável – só é ativado quando detecta a necessidade de agir – é composto por um sensor que monitora o volume da bexiga; um par de LEDs que enviam os feixes de luz para a bexiga, permitindo o controle optogenético; uma unidade sem fio que leva energia ao sistema; e um dispositivo de monitoramento de dados. Nos ratos que serviram de modelo para o estudo, não houve inflamações ou alterações no peso e/ou no movimento sete dias depois do implante, sugerindo que ele foi bem tolerado pelo organismo.

O sistema identifica automaticamente e em tempo real padrões patológicos associados ao ato de urinar. Os LEDs estimulam, por meio da luz, nervos específicos da bexiga em resposta à alteração. Dessa forma, o funcionamento normal do órgão é restabelecido. Segundo os autores do trabalho, há pelo menos três décadas, medicamentos e técnicas de estimulação elétrica do nervo tibial, localizado na perna, com implantes subcutâneos, ajudam a controlar a atividade da bexiga. Porém, um efeito colateral é interferir na sinalização normal do nervo para outros órgãos.

“Dispositivos mais antigos são eficazes no controle da incontinência e na urgência de urinar, mas há efeitos colaterais, porque eles não conseguem ser específicos, mirando apenas o órgão necessário”, explica Robert W. Gereau, professor de anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo. Como o sistema desenvolvido agora atua diretamente na bexiga, não há risco, segundo ele, de a estimulação do nervo atingir outros órgãos.

O procedimento cirúrgico é simples e consiste em implantar o dispositivo ao redor da bexiga, como se fosse um cinto. À medida que o órgão enche ou esvazia, o cinturão expande ou contrai. Para que o LED envie o sinal de luz exatamente ao nervo que se quer estimular, os pesquisadores injetaram uma proteína fosforescente chamada opsina na bexiga dos ratos. Ao sinal de luz, a substância “acende”, permitindo aos cientistas ativar as células nervosas alvo da terapia.

As informações sobre o padrão de urinação são enviadas aos cientistas por bluetooth, desde o sistema implantado no órgão até um equipamento externo portátil, que utiliza um algoritmo simples para detectar se a bexiga está cheia, se foi esvaziada e se o animal urina com frequência anormal. “Quando ele está esvaziando a urina muitas vezes, o dispositivo externo envia, também por bluetooth, um sinal que ativa os micro-LEDs implantados na bexiga. Isso faz os neurônios sensoriais brilharem, restaurando a função normal do órgão”, diz Gereau.

Outras aplicações

O pesquisador ressalta que, embora animadora, a abordagem precisa ser testada em modelos maiores e, depois, em humanos, para atestar segurança e eficácia. Caso funcione, a tecnologia poderia ser usada em outras partes do corpo com diversas aplicações. “Pode, por exemplo, tratar dor crônica ou diabetes, estimulando as células pancreáticas a secretar insulina”, diz. Uma dificuldade maior para realizar os estudos em outros animais é que ainda não se sabe como enviar a proteína fosforescente ao órgão. No caso dos ratos, os cientistas usaram um vírus modificado geneticamente para transportar a substância. Porém, a estratégia pode não ser segura para humanos, observam.

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