Quinta-feira, 28 de março de 2024

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Colunistas Um tradicional conto sufi

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foto: reprodução

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Há muitos anos, numa pobre aldeia chinesa, vivia um lavrador com seu filho. Seu único bem material, além da terra e da pequena casa de palha, era um cavalo que havia sido herdado de seu pai.

Um belo dia, o cavalo fugiu, deixando o homem sem o animal para lavrar a terra. Seus vizinhos – que o respeitavam muito por sua honestidade e diligência – vieram até sua casa para dizer o quanto lamentavam o ocorrido. Ele agradeceu a visita, mas perguntou: “Como vocês podem saber que o que ocorreu foi uma desgraça na minha vida?”

Alguém comentou baixinho com um amigo: “Ele não quer aceitar a realidade, deixemos que pense o que quiser, desde que não se entristeça com o ocorrido”.

E os vizinhos foram embora, fingindo concordar com o que haviam escutado.

Uma semana depois, o cavalo retornou ao estábulo, mas não vinha sozinho; trazia uma bela égua como companhia. Ao saber disso, os habitantes da aldeia – alvoroçados, porque só agora entendiam a resposta que o homem lhes havia dado – retornaram à casa do lavrador para cumprimentá-lo pela sua sorte.

“Você antes tinha apenas um cavalo, e agora possui dois. Parabéns!”, disseram. “Muito obrigado pela visita e pela solidariedade de vocês”, respondeu o lavrador. “Mas como vocês podem saber que o que ocorreu é uma bênção na minha vida?”

Desconcertados e achando que o homem estava ficando louco, os vizinhos foram embora, comentando no caminho: “Será que este homem não entende que Deus lhe enviou um presente?”

Passado um mês, o filho do lavrador resolveu domesticar a égua. Mas o animal saltou de maneira inesperada e o rapaz caiu de mau jeito – quebrando uma perna.

Os vizinhos retornaram à casa do lavrador – levando presentes para o moço ferido. O prefeito da aldeia, solenemente, apresentou as condolências ao pai, dizendo que todos estavam muito tristes com o que tinha acontecido.

O homem agradeceu a visita e o carinho de todos. Mas perguntou: “Como vocês podem saber se o que ocorreu foi uma desgraça na minha vida?”

Esta frase deixou a todos estupefatos, pois ninguém pode ter a menor dúvida que um acidente com um filho é uma verdadeira tragédia. Ao saírem da casa do lavrador, diziam uns aos outros: “O homem enlouqueceu mesmo; seu único filho pode ficar coxo para sempre, e ele ainda tem dúvidas se o que ocorreu é uma desgraça”.

Alguns meses transcorreram, e o Japão declarou guerra contra a China. Os emissários do imperador percorreram todo o país em busca de jovens saudáveis para serem enviados à frente de batalha. Ao chegarem na aldeia, recrutaram todos os rapazes, exceto o filho do lavrador, que estava com uma perna quebrada.

Nenhum dos rapazes retornou vivo. O filho se recuperou, os dois animais deram crias que foram vendidas e renderam um bom dinheiro. O lavrador passou a visitar seus vizinhos para consolá-los e ajudá-los – já que tinham se mostrado solidários com ele em todos os momentos.

Sempre que algum deles se queixava, o lavrador dizia: “Como sabe se isso é uma desgraça?” Se alguém se alegrava muito, ele perguntava: “Como sabe se isso é uma bênção?” E os homens daquela aldeia entenderam que, além das aparências, a vida tem outros significados.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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