Cristiane, que publica sempre em inglês e no formato ebook, retirou imediatamente “Royal Love” — e, mais tarde, todos os seus livros — do catálogo. Naquele momento, pelas redes sociais, negou a intenção de plágio e pôs a responsabilidade no ghost writer que ela teria contratado para escrever o livro. Em seguida, tirou do ar o seu site oficial, suspendeu todas as suas contas em redes sociais, e se recolheu ao silêncio, enquanto era criticada por leitores e escritores de todo o mundo.
Após dois meses, quando a poeira parecia ter baixado, uma nova bomba. Autora com 400 milhões de livros vendidos e traduzida em mais de 20 línguas, a americana Nora Roberts anunciou nesta quinta-feira (25), que irá processar Cristiane por plágio. Em uma entrevista para o “The New York Times”, ela chamou os livros que a brasileira vende em sites de autopublicação de “uma colcha de retalhos literária” que retrata emoções “praticamente idênticas” àquelas expressas em seus livros. “Ela é uma sanguessuga que se alimenta da profissão de escritora”, desabafou Roberts.
Ainda segundo o jornal americano, que diz não ter conseguido contatar Cristiane, a autora brasileira teria enviado um e-mail a Nora em que admitia ter cometido “um erro”, mas só porque teria sido “enganada por alguns mentores e coachers” que cobravam por resultados. Ao O Globo, ela conta que trocou, sim, mensagens com Nora, mas que a americana está tentando fazer dela um “bode expiatório”.
“Os casos anteriores e o da Sra. Roberts são absolutamente o mesmo, que se estende por meses, estimulados por pessoas interessadas em propaganda gratuita”, diz ela, em referência aos autores que a acusaram de plágio.
Cristiane conta que procurou a americana tentando “ao máximo evitar o conflito”, mas Roberts teria lhe respondido com um email “extremamente agressivo”.
“Ela fez exigências absurdas e impertinentes, que na verdade representam uma maior humilhação pública do que ela já estava promovendo”, acrescenta. “Em seu e-mail, além de exigências que eu entregasse toda uma documentação sigilosa e privada (e documentação que só existiria na mente criativa dela), a Sra. Roberts ordenava que eu me humilhasse em inúmeras declarações e pedidos de desculpas que não refletiriam a verdade. Só então ela iria decidir se iria ou não me processar.”
A assessoria de Nora Roberts disse que ela não está dando mais entrevistas sobre o assunto e enviou uma declaração oficial da autora:
“Este processo está sendo lançado porque a bastardização do ofício da escrita não pode ficar sem resposta. Embora enfrentar isso frature a criatividade, suga o tempo e o esforço que todos nós que escrevemos queremos dedicar ao nosso ofício.”
Nascida no Rio e formada em direito, Cristiane atua como escritora desde 2012. Escreveu 11 romances em inglês, publicados em 16 ebooks, e um ensaio filosófico. Ela diz ter vendido 22 mil ebooks até agora.
“Este incidente não passa de um exagero que se armou em torno do meu nome para vender livros, oferecer serviços, fazer propaganda indevida nas redes sociais, sem pensar no constrangimento familiar e social que estão me causando. Tem muita gente lucrando com isso.”
As semelhanças entre “Royal Love” e outros livros foram amplamente documentadas. Diversas autoras usaram seus blogs e redes sociais para comparar trechos quase idênticos.