Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 1 de fevereiro de 2018
O menino de 10 anos que foi “detido” por portar uma arma de pressão em um hospital público, vestido de militar do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), visitou a corporação na tarde de quarta-feira (31). No 10º Batalhão da PM, em Ceilândia, ele foi recebido pelos militares, ganhou homenagem e um pedido de desculpas. Os pais da criança também participaram da solenidade.
“A Polícia Militar convidou o garoto e a família dele para essa reaproximação. Como ele ficou assustado ontem com a abordagem, com a situação toda, a gente decidiu fazer essa homenagem”, disse a tenente Adriana Vilela, que participou da cerimônia.
“Também ressaltamos que o fato de ele usar farda é muito legal, mas orientamos que a arma de airsoft não pode ser usada de forma ostensiva.”
A tenente contou que policiais do Bope e do Gtop (Grupamento Tático Operacional) participaram do evento. Durante a tarde, o menino fez um percusso com os militares nos carros da corporação, recebeu uma miniatura de um dos veículos e uma outra farda da PM.
A situação ganhou repercussão após a abordagem de um policial militar que foi chamado ao hospital para averiguar a situação. Como o pai do garoto não aceitou guardar a arma e o teria xingado, o PM deu voz de prisão por desacato – chegando a algemar o homem em uma pilastra.
A Polícia Militar disse que a Corregedoria será acionada. “Caso fique verificado algum tipo de ilegalidade ou abuso na abordagem policial, será aberto procedimento”, disse a corporação.
A mãe da criança, Gláucia da Costa Silva, disse à reportagem que o policial puxou o braço do filho, mandando que entregasse a arma, inclusive ofendendo a criança e o marido dela. “Meu filho está morrendo de medo, nem quer mais vestir a farda. Pegou trauma.” Apesar disso, o convite da PM foi aceito.
O que está errado?
Ao contrário das armas de brinquedo, não há proibição para uso e venda de armas de pressão, em especial aquelas de ar comprimido, airsoft e paintball. No entanto, a PM afirma que neste caso houve, sim, desrespeito às regras impostas pela legislação.
A lei diz que não se pode sair com armas do tipo sem a documentação necessária, que pode ser exigida em qualquer situação. Também é proibido conduzir a arma “ostensivamente” – ou seja, mantê-la à mostra. Segundo a mãe, a arma foi comprada “legalmente”, e o documento da aquisição está guardado.
A regulamentação desse tipo de arma também determina que o uso “só pode ocorrer em locais autorizados para o exercício da atividade”.
A respeito da utilização da farda da PM, a corporação explica que não há nada de errado, desde que seja por crianças. Adultos são proibidos: o uso de uniforme, distintivo ou insígnia militar indevido prevê pena de até seis meses de detenção.