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Celebridades Uma escritora virou alvo de feministas do mundo todo ao criticar a campanha de atrizes contra o assédio em Hollywood

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Escritora diz que está sendo feita "justiça com as próprias mãos". (Foto: Reprodução)

Seu manifesto semeou o caos na França e além. Aos 69 anos, a escritora e crítica de arte Catherine Millet é uma das cinco autoras do artigo coletivo de mulheres — assinado também pela atriz Catherine Deneuve, pela cantora alemã Ingrid Cave e pela editora Joëlle Losfeld —, criticando o movimento #MeToo. O texto publicado no “Le Monde” na semana teve apoio de cem personalidades da cultura francesa. Millet denuncia que este movimento, ao qual chama de “puritano”, favorece um regresso à “moral vitoriana”. A autora do polêmico best-seller “A vida sexual de Catherine M.” defende “a liberdade de importunar”, até no sentido físico, que considera indispensável para salvaguardar a herança da revolução sexual.

1. A senhora esperava as reações violentas que o texto suscitou?

Em absoluto. Só queríamos reagir ao discurso das feministas radicais, o único que líamos na imprensa. Não era um ponto de vista que compartilhávamos e conhecíamos muitas mulheres com a mesma opinião. Você não fica traumatizada por anos porque um homem tocou sua coxa. Era preciso dizer que as mulheres não reagem da mesma forma a gestos que considerados grosseiros ou inconvenientes.

2. Houve críticas pela falta de solidadriedade com as demais mulheres.

Não se pede a um homem que compartilhe das opiniões do resto dos homens do planeta. É impossível. Não dizemos que nos parece certo que violentem as mulheres, mas apontamos os deslizes que o movimento comete. Por exemplo, questionar certos homens por feitos mínimos, o que gera consequências graves em suas carreiras. Constitui-se um tribunal público sem que eles pudessem se defender. De repente, tivemos a sensação de que todos os homens eram porcos. É preciso se colocar na pele de quem sofreu a violência sexual, mas também pensar nos homens que foram vítimas de acusações superficiais, com consequências graves em suas vidas profissionais.

3. Ao destacar as disfunções do movimento, e não seus acertos, não se corre o risco de enfraquecer a tomada de consciência sobre a violência sexual e os abusos de poder, que o próprio manifesto considera necessária?

As feministas não dizem que se libertou a palavra? Se é assim, nossa palavra vale o mesmo que a sua. Esta censura me parece ridícula. Parece-me grave que um ator seja excluído um filme (Kevin Spacey, substituído em “Todo o dinheiro do mundo”, por ser alvo de acusações de assédio sexual. São métodos que lembram o stalinismo.

4. O artigo fala de “uma onda purificadora” que terminará instalando “uma sociedade totalitária”. Não é excessivo?

Esta frase eu escrevi. Em todo texto polêmico, há uma parte de exagero, mas assumo totalmente. Vejo surgir um clima de inquisição, em que cada um vigia seu vizinho — como acontecia nos regimes soviéticos — e depois o denuncia nas redes sociais. Todos os níveis da sociedade estão sob vigilância, inclusive a esfera íntima.

5. Essas acusações não seriam resultado de uma justiça imperfeita, devido às prescrições e da falta de provas?

Concordo, mas não é o melhor método. Se cada cidadão fizer justiça com as próprias mãos, voltaremos ao tempo do Velho Oeste. A justiça tem defeitos e é inegável que lhe escapem coisas, mas vivemos em uma sociedade que aceita que seja ela a encarregada de julgar e não um tribunal popular. Quanto a isso, sou radical.

6. A senhora foi acusada de antifeminista. E é?

Se falamos deste feminismo em particular, sim. Sou contra. Mas há várias correntes feministas. Eu me sinto mais próxima das feministas que integram o sexo em seu discurso, que tendem a ser mais jovens que eu, do que as que expressam através do movimento #MeToo posições radicais que nunca compartilhei, nem agora nem nos anos 1970. O feminismo segue justificado no âmbito social, e em relação à igualdade salarial. Eu também milito por essa igualdade na liberdade sexual.

6. Também se recrimina que quase todas sejam brancas e burguesas. Que defendem, por fim, uma postura elitista.

Sim, nos criticaram porque não andamos de metrô. Uso sim, várias vezes ao dia. Quando eu era mais jovem, já aconteceu de um homem se esfregar em mim em transporte público, mas nem por isso morri ou me converti em uma pessoa com deficiência. Entre as apoiadoras do manifesto há uma mescla de gerações e origens. Por outro lado, as mulheres que nos atacam também são intelectuais e universitárias, igual a nós. Catherine Deneuve deve ter um modo de vida um pouco diferente, mas as demais somos bem parecidas com as que nos atacam.

 

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