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Por Redação O Sul | 18 de julho de 2016
Um supertelescópio no Deserto do Atacama observou pela primeira vez a formação de um anel de neve após a explosão de uma estrela. O aparelho Alma fica a 5 mil metros de altitude e mostrou com detalhes o surgimento da camada de neve na estrela V883 Orionis.
Segundo os cientistas responsáveis pelo telescópio, o anel de neve se formou dentro do chamado disco protoplanetário – material denso formado de gás e poeira que circunda estrelas novas e é responsável pela formação de planetas.
A descoberta, publicada na revista científica “Nature”, pode ajudar nas pesquisas sobre a formação e evolução dos planetas. Os cientistas acreditam que essas explosões sejam um estágio da evolução da maioria dos sistemas planetários – ou seja, esse pode ser apenas o primeiro registro de um fenômeno relativamente comum.
Temperatura.
O anel de neve marca o local do disco em que ocorreu uma grande queda de temperatura. Com o aumento na luminosidade da estrela, a parte interna do disco esquentou, empurrando esse anel gelado para uma distância dez vezes maior que o normal para uma estrela em formação, o que teria possibilitado a observação do fenômeno pela primeira vez. O resultado é que dentro dos discos há vapor de água, que, na parte externa dos anéis, congela em forma de neve.
Essas linhas são importantes porque definem a estrutura e a arquitetura básica dos sistemas planetários como o nosso. Elas normalmente estão localizadas a uma distância de três unidades astronômicas da estrela – cada unidade astronômica corresponde a 150 milhões de quilômetros.
Mas, na observação feita pelo Alma na V883 Orionis, o anel de neve está localizado a mais de 40 unidades astronômicas da estrela central, o que teria facilitado a identificação do fenômeno.
Como se trata de uma estrela em estágio de formação, as explosões provocam temperaturas altíssimas e muita luminosidade, por causa da transferência de material do disco para a parte interna do astro. Essa temperatura alta teria esquentado o disco, o que afastou o anel de neve a uma distância maior que o normal.
“Os registros do Alma vieram como uma surpresa para nós. Nossas observações foram feitas para identificar fragmentos dos discos que poderiam nos ajudar nas pesquisas sobre a formação dos planetas. Não vimos nada disso, mas, em contrapartida, encontramos o que pode ser um anel a 40 unidades astronômicas”, afirma o cientista responsável pelo estudo, Lucas Cieza.
Na estrela solar – que deu origem ao nosso Sistema Solar –, esse disco protoplanetário estava entre as órbitas de Marte e Júpiter. Isso explica porque os planetas mais rochosos (como Mercúrio, Vênus, Terra e Marte) se formaram dentro do disco, enquanto os planetas mais gasosos (como Saturno, Urânio e Netuno) se formaram do lado de fora.