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Brasil Uma família cava por conta própria com mãos, pás e enxadas para tentar achar o corpo de um parente em Brumadinho

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A defesa da empresa alega que a Vale tem patrimônio suficiente para fazer frente a qualquer eventual obrigação futura. (Foto: Ricardo Stuckert/Fotos Públicas)

Familiares do sitiante Paulo Giovani dos Santos escavam por conta própria, três dias após o rompimento da barragem da Vale, um local na zona rural de Brumadinho (MG) atrás do corpo de uma das vítimas do desastre de sexta-feira (28). As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

O sítio em que Santos morava, localizado a cerca de 3 km do centro urbano do Córrego do Feijão, um bairro rural de Brumadinho (MG), foi devastado pela lama. Imagens antigas mostram um recanto intocado da natureza, com piscina, uma ampla casa e uma mata tão espessa que não dava para ver o pátio de operações da mina da Vale do outro lado, a cerca de um quilômetro. Santos criava porcos e cultivava uma horta.

Depois do próprio pátio de máquinas da mina, a casa de Santos foi a primeira construção a ser atingida pela lama na sexta-feira (25). Hoje o local se transformou num monte de terra, argila e rejeitos da mina da Vale. A mata foi devastada e no seu lugar surgiu um pequeno vale de lama.

Familiares e amigos de Santos chegaram ao local na própria noite da sexta-feira. Sua cunhada, Sônia Monteiro, disse que começaram a cavar o monte por conta própria, com a ajuda de um grupo de socorristas voluntários. Encontraram roupas e pertences de Santos e, soterrado, um dos porcos da criação. No sábado (26), segundo a família, mais de 50 pessoas apareceram para continuar cavando com enxadas e pás.

No domingo (27), Sônia e seu marido Lindomar foram impedidos de retornar ao sítio num bloqueio de trânsito da Polícia Militar. Pela manhã do domingo, a Vale disparou uma sirene que alertava sobre o risco de rompimento de outra barragem e os moradores de lugares de risco foram orientados a deixar a região -situação que foi contornada ao final do dia.

Nesta segunda-feira (28), Sônia, Lindomar e outros parentes foram ao centro comunitário de Córrego para pedir uma máquina retroescavadeira e continuarem a procura pelo corpo. No final da manhã, o socorro veio de uma mineradora, mas não da Vale, e sim da vizinha MIB, que mandou uma retroescavadeira ao local.

“Meu cunhado está aqui debaixo. O pai dele tem 83 anos, está aqui, desolado. Então não é justo com a sociedade, conosco, com ninguém, não. Acho que é falta de consideração com o ser humano. Nós somos seres humanos, nós somos gente!”, disse Sônia a um grupo de jornalistas que ela levou ao local para mostrar a falta de apoio na escavação. As buscas são acompanhadas pelo pai de Santos.

“A Vale tem inúmeras máquinas e inúmeras empresas que prestam serviço para a Vale e podem vir aqui retirar e dar assistência para a gente. Aqui nós estamos desesperados, precisamos de socorro, socorro”, disse Sônia.

“Disseram que tinha uma máquina disponível para a gente, hoje a gente não consegue ter mais a máquina. É muito barro misturado com argila, com tudo. Então com a mão a gente não consegue. Na enxada, estou com meus braços todos doloridos, feridos, tá tudo dolorido”, disse a cunhada de Santos.

Outro parente que auxilia nas buscas, o estudante de engenharia Ivelton Rodrigues, 30, disse que, quando chegou ao sítio na sexta-feira encontrou “um cenário de guerra, uma cena de filme”. “Para ser sincero, eu tinha esperança de chegar e encontrá-lo com vida. Mas na hora que você chega e depara com isso, aí…”, disse Rodrigues.

Ele afirmou que a angústia da família para localizar o corpo é tentativa de “querer virar a página, dar um ponto nessa página e tentar reconstruir”. “Deixar o sentimento bonito. Ele [Santos] era uma pessoa alegre, eu não conhecia ninguém que fala mal dele. Tanto que na sexta-feira havia mais de 50 pessoas voluntárias para ajudar. Nós estávamos cavoucando com as mãos até arrumar a máquina para ajudar”, disse Rodrigues.

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