Quinta-feira, 28 de março de 2024
Por Redação O Sul | 17 de janeiro de 2018
Uma pesquisa inédita feita pela Ideia Big Data para o Brazil Institute do Wilson Center apontou o descrédito da população brasileira com o Congresso Nacional, a falta de interesse com o Legislativo e a expectativa de poucas mudanças com as eleições de novembro. O levantamento, obtido com exclusividade pelo jornal O Globo, indica que 72% dos eleitores escolheram temas relacionados à honestidade como prioridade na hora de votar em seus deputados e senadores.
“Trabalho há quinze anos com pesquisas de opinião e nunca vi uma liderança tão forte de temas relacionados à honestidade na cabeça dos eleitores”, afirmou Maurício Moura, presidente da Ideia Big Data.
O levantamento foi feito com 5.003 pessoas em 37 cidades brasileiras entre os dias 9 e 13 de janeiro. Em uma pergunta aberta (sem sugestões de respostas), 38% dos eleitores indicaram que o mais importante para seu voto é a honestidade do candidato ou o fato de ele não ser corrupto. A pesquisa mostra ainda que 13% dos entrevistados apontaram a transparência; 11% optaram por “estar fora das acusações da Operação Lava-Jato”; e 10% disseram que o seu candidato tem de ser novo ou de fora da política.
Moura afirma que todos estes itens estão conectados com a questão da honestidade.
Na sequência das respostas, aparecem como prioridade experiência e grandes propostas (cada tema teve 5% das citações); ser da localidade do entrevistado (4%); entender os problemas do eleitor e representar os pobres (3% das citações cada um dos temas); e trabalhar duro e ser inteligente (2% para cada um). Outras respostas somam 4% do total.
Desencanto
Uma série de perguntas confirma o desencanto dos brasileiros com o Congresso. Quase um em cada três entrevistados (73%) disseram não concordar com a expressão “O Congresso Nacional está trabalhando pelos brasileiros acima de outros interesses”, contra 22%, que disseram não saber, e apenas 5%, que concordaram com a afirmação.
Em outro item da pesquisa, 84% não concordaram com a frase “o Congresso representa o povo brasileiro”. Por outro lado, 79% dos entrevistados disseram não se lembrar em quem votou em 2014. Dos 21% que lembram, 85% admitiram que não acompanham seu trabalho, contra apenas 15% que seguem seus legisladores. O levantamento ainda aponta que 39% dos entrevistados espera que a futura formação do Congresso após a eleição em outubro será igual à atual, 35% melhor e 26%, pior.
“A princípio, essa resposta pode indicar um otimismo, mas não: como a imensa maioria da população não se sente representada pelos congressistas, temos que somar as respostas dos que esperam que [a representatividade] vai piorar com os que acham que continuará na mesma, o que indica que 65% dos eleitores estão pessimistas” disse Moura.
A pesquisa aponta que a população também está cética sobre a aprovação da Reforma da Previdência: somente 26% acreditam que ela será aprovada em 2018, contra 55% que não acredita que ela passará e 19% dos que disseram não saber. Somente 22% colocam a mudança no sistema de aposentadoria e pensões como prioritária, abaixo da reforma política (59%), mas acima da reforma tributária (13%).