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Mundo Único restaurante do mundo dentro de um presídio é considerado sucesso

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Detentas de Cartagena preparam e servem receitas de chefs famosos. (Foto: Reprodução)

Seis da tarde, e o barulho de cadeados e ferrolhos começam a ser ouvidos. Doze mulheres deixam suas celas e se dirigem a um pequeno espaço na lateral da prisão. Bem decorado, com almofadas e pinturas na parede de motivos florais, grades de um rosa alegre e uma cozinha impecável, que começa a se agitar: esse é o restaurante Interno, abrindo mais uma vez “suas grades” àqueles que vêm jantar na prisão feminina de San Diego, em Cartagena, Colômbia.

Na cabeça das duas garçonetes, laços rosa combinando com a cor do batom contrastam com o preto do uniforme, que leva o símbolo do Projeto Interno. Uma iniciativa da Fundação Ação Interna, que já atende a 44 mil presos em 26 presídios. Inaugurado em dezembro, o restaurante é o único no mundo dentro de um presídio feminino.

“Mais do que um restaurante, é uma oficina produtiva e de formação, um processo de ressocialização para mulheres privadas da liberdade”, explica Luz Diaz, supervisora e executora de projetos da fundação.

Antes de abrir ao público, o projeto, financiado pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), ofereceu às presas cursos nas áreas de gestão de empresas, gastronomia, serviço de mesa e na horta orgânica do presídio, de onde saem os temperos e legumes do restaurante.

Encontro com marido

Chefs de cozinha famosos cederam algumas cobiçadas receitas. Hoje, sob a batuta do chef Victor Vegas, as detentas, ao mesmo tempo em que aprendem a preparar os pratos, introduzem suas próprias ideias na requintada cozinha caribenha servida.

Nove da noite de uma terça-feira e o restaurante está quase lotado, dos 60 lugares restam menos de dez. Pessoas de várias partes da Colômbia e turistas de diferentes nacionalidades vão conhecer o projeto e saborear o menu. Com o faturamento da inauguração foi possível comprar beliches para todas as 160 presas — muitas, até então dormiam no chão.

Com os recursos criou-se uma sala de informática e reformou-se a biblioteca. O intuito é o melhor acesso à pesquisa para uma formação educacional mais fácil e rápida. Oito mulheres já se graduaram em universidade de ensino à distância, e outras 25 estão em conclusão.

Uma simples frase, escrita no muro de entrada, desperta para o significado maior do restaurante: “Segundas Oportunidades.”

Pessoas de várias partes da Colômbia e turistas visitam o local. (Foto: Reprodução)

A maioria das detentas está envolvida em crimes de extorsão, algumas ligadas ao conflito armado. É o caso de Isabel Bolaño, presa há três anos, aguardando julgamento. Isabel participou, em 1996 e 1997, das Autodefesas Unidas da Colômbia, um grupo paramilitar na guerra contra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

Isabel, filha de agricultores, afirma que apenas organizou um grupo e se recusa a fazer acordos judiciais, assumindo crimes que, segundo ela, não cometeu. No Interno, é ela quem organiza e recepciona os clientes. Nesse trabalho tem ajuda do marido, José Beltrano, com quem está casada há 12 anos. Ele vem todas as noites.

“Eles nos impulsionam e aproveitam o que cada uma tem de melhor”, conta Isabel.

Além da formação profissional, a redução da pena é um dos benefícios, pois cada dia trabalhado é um a menos na prisão. O projeto contribui ainda para o sustento dos filhos das presas, que são, na maioria, chefes de família.

“Minha mãe recebe todo mês 200 mil pesos (R$ 215). É uma ajuda para meus dois filhos”, conta Cindy Arrieta, condenada a 18 anos por matar o homem que tentou estuprá-la.

Servindo as mesas, ao lado de Cindy, está Arleth Martinez, cumprindo pena há dois anos e meio por extorsão. Ela conseguiu este ano concluir o ensino médio à distância. Também com dois filhos, Arleth define o Projeto Interno como “uma oportunidade”. “Quero continuar fazendo isso, mesmo depois que sair. Gosto muito.”

Dez e meia da noite. As últimas sobremesas do menu completo são servidas. Meia hora depois, todos os clientes já se foram, as luzes do Interno são apagadas e o ruído de ferrolhos e cadeados volta a ser ouvido. Isabel se despede do marido com um breve beijo. Em poucos minutos, todas sorridentes se despendem, através da grade que é fechada pelo carcereiro.

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https://www.osul.com.br/unico-restaurante-do-mundo-dentro-de-um-presidio-e-considerado-sucesso/ Único restaurante do mundo dentro de um presídio é considerado sucesso 2017-10-15
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