Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 20 de novembro de 2019
Uma entrevista do ex-ministro Gustavo Bebianno ao jornalista Fábio Pannunzio reacendeu a polêmica sobre o convite do presidente Jair Bolsonaro ao ex-juiz da Lava-Jato Sérgio Moro para assumir o Ministério da Justiça.
Ex-secretário-geral da Presidência e homem forte da campanha eleitoral do PSL em 2018, Bebianno diz que ouviu de Paulo Guedes que Moro foi sondado pelo hoje ministro da Economia antes do segundo turno das eleições.
Moro afirma que tratou do assunto na semana anterior ao segundo turno, realizado no dia 28 de outubro, e que o convite oficial foi feito em novembro, após o resultado.
1) Quando Bolsonaro fez o convite? O convite formal foi feito em 1º de novembro de 2018, quando Moro e Bolsonaro, já presidente eleito, se encontraram pela primeira vez, no Rio de Janeiro.
2) O que diz o ex-ministro Gustavo Bebianno? Segundo o ex-secretário-geral da Presidência, Guedes lhe contou ter conversado com Moro “cinco ou seis vezes” antes do segundo turno das eleições do ano passado sobre a possibilidade de assumir o Ministério da Justiça.
A versão de Moro
De acordo com o ex-juiz, na semana anterior ao segundo turno ele foi sondado por Guedes e somente após o resultado recebeu o convite oficial de Bolsonaro. Segundo ele, não havia até então nenhum relacionamento ou quaisquer tratativas com Bolsonaro ou Guedes.
3) O compromisso sobre indicar Moro ao Supremo Tribunal Federal foi algo tratado desde o início? Aliados de Bolsonaro afirmam que, durante a conversa do dia 1º de novembro, em que foi feito o convite para o ministério, ele acenou com a possibilidade de indicá-lo ao STF.
4) O que Moro disse sobre o assunto? Em entrevista em maio, Moro afirmou que jamais estabeleceu a vaga no Supremo como condição para ser ministro. “Quando nós conversamos, bem, eu estava abandonando 22 anos de magistratura e aqui no Brasil é um caminho sem volta, é um certo sacrifício. […] Eu acho que o presidente, tendo em vista essa situação, se sentiu com esse compromisso de oferecer essa vaga quando surgir no futuro.”
5) E Bolsonaro? Em um primeiro momento, Bolsonaro disse que firmou um compromisso com Moro. Depois, voltou atrás e afirmou que não houve acordo prévio. “Não teve nenhum acordo, nada.”
6) A indicação ao STF foi uma condição para Moro assumir o ministério? De acordo com aliados do presidente, tratou-se apenas de um atrativo para Moro integrar o ministério.
Cronologia dos fatos
8.jul.2018: Moro interrompe suas férias para, por meio de despacho, contestar decisão do juiz federal de segunda instância Rogério Favreto — que, durante um plantão, decidiu soltar o ex-presidente Lula (PT). No fim do dia, o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Thompson Flores, proferiu decisão mantendo a prisão do petista.
1º.out.2018: Moro levanta o sigilo de parte do acordo de delação de Anotnio Palocci, ex-ministro de governos do PT que fazia acusações a Lula. Diálogos obtidos pelo The Intercept Brasil e analisados pela Folha junto com o site indicam que Moro tinha dúvidas sobre as provas apresentadas por Palocci.
7.out.2018: Primeiro turno das eleições. Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (então no PSL) vão para o segundo turno.
23.out.2018: Ainda durante a campanha, Paulo Guedes sonda Moro sobre a possibilidade de o então juiz federal assumir o Ministério da Justiça em caso de vitória de Bolsonaro. Segundo o ex-ministro Gustavo Bebianno, esse não foi o primeiro contato dos dois, o que Moro nega.
28.out.2018: Segundo turno das eleições. Bolsonaro vence a disputa.
1º.nov.2018: Bolsonaro convida Moro oficialmente para assumir o Ministério da Justiça, e ele aceita.