Por Redação O Sul | 7 de março de 2016
Restaurantes famosos, lojas de grife e hotéis cinco estrelas. Essa era a rotina das viagens ao exterior do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), da mulher dele, Cláudia Cruz, e da filha Danielle, revelada pelas despesas de cartões de créditos pagas com recursos das contas secretas mantidas na Suíça. As despesas foram destacadas pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, em cinco páginas da nova denúncia contra Cunha.
Mereceu destaque para o procurador-geral a viagem feita pelo presidente da Câmara a Miami (EUA) no Réveillon de 2013. Os gastos mostram que entre 28 de dezembro de 2012 a 5 de janeiro de 2013, somente no cartão de Cunha foram registrados gastos de 42,2 mil dólares, o equivalente a 84 mil reais na cotação de 2013. Cunha, na época, recebia salário de 17,8 mil reais mensais.
Na semana que passou em Miami, ele gastou 23 mil dólares para se hospedar no The Perry, um luxuoso complexo de apartamentos. Gastou 6,1 mil dólares em restaurantes, como nos refinados Nobu, Il Mulino e Prime Italian. Não houve economia nas compras. Cunha gastou, por exemplo, 3,5 mil dólares na Ermenegildo Zegna, 3,8 mil dólares na Salvatore Ferragamo e 1,5 mil dólares na Giorgio Armani.
No mês seguinte, o peemedebista fez mais gastos nos Estados Unidos. Em 11 de fevereiro de 2013, gastou 1,9 mil dólares no restaurante Per Se, em Nova York, que é comandado pelo renomado chef Thomas Keller. Ele fez um pagamento de 2,7 mil dólares no dia seguinte pela hospedagem no hotel Hilton e, no mesmo dia, seguiu para Zurique, na Suíça, onde registrou gastos em dois hotéis, de 4,6 mil dólares. Dia 15 de fevereiro, porém, Cunha já usava o cartão de crédito em Paris, tendo pago 2,5 mil dólares por um jantar no Le Grand Vefour, um luxuoso restaurante no coração da capital francesa.
Incompatibilidade com o patrimônio.
Janot relata ainda gastos do cartão do deputado em Barcelona (Espanha), São Petersburgo (Rússia), Roma e Florença (Itália), Dubai (Emirados Árabes), Cascais (Portugal). Destacou que há registros de gastos quando ele já ocupava o cargo atual.
“Tais despesas, incompatíveis com o patrimônio lícito e declarado do denunciado e pagas com dinheiro proveniente de desvios da Petrobras, continuaram mesmo após a eleição de Eduardo Cunha para presidente da Câmara dos Deputados [em fevereiro de 2015]”, frisou Janot. Cunha e seu advogado, Antônio Fernando de Souza, não comentaram a denúncia. Eles afirmaram que não tiveram acesso ao documento.
Em 14 de fevereiro, o peemedebista gastou 1,3 mil dólares no restaurante Guy Savoy, em Paris. Dois dias depois, gastou mais 8,1 mil dólares na loja Textiles Astrum France. Fez ainda outros gastos no hotel e, no dia 18 de fevereiro, pagou 15,8 mil dólares no hotel Plaza Athénée. No dia seguinte, já em Portugal, Cunha teve gastos no Paço D’Arcos e Real Villa Hotel.
Quando esteve com o marido em Paris em fevereiro de 2015, a jornalista Cláudia Cruz gastou 1,4 mil dólares na Louis Vutton, 4 mil dólares na Chanel e 6,5 mil dólares na Charvet Place Vendôme. Em janeiro de 2014, Cláudia gastou 7,7 mil dólares na Chanel em Paris. Ainda naquele mês gastou 2,9 mil dólares na Balenciaga e 4,1 mil dólares na Carvet Place Vendôme. Já em março daquele ano, Cláudia gastou 4,5 mil dólares na Prada, em Roma, 3,5 mil dólares na Louis Vuitton, em Lisboa. No mês seguinte, deixou 3,8 mil dólares na Chanel de Dubai.
As despesas da filha também são altas. Há gastos em Barcelona, Nova York e Orlando. Foram gastos 5,2 mil dólares na Chanel e 4,6 mil dólares na Fendi.
