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A imigração ilegal nos Estados Unidos cresceu, apesar da “tolerância zero” de Donald Trump

Trump ordenou ações judiciais contra quem entrasse de forma ilegal. (Foto: Shealah Craighead/White House)

Ao menos 50 mil estrangeiros foram detidos na zona de fronteira entre os Estados Unidos e o México em maio, depois do presidente Donald Trump estabelecer uma política de “tolerância zero” contra imigrantes. Após as medidas, as detenções na fronteira com o México cresceram 160% em relação a maio de 2017 e foram levemente superiores em relação a abril passado.

No início de maio, Trump ordenou ações judiciais contra todos que entrassem no país de forma ilegal, e determinou a separação dos filhos menores das famílias nesta situação.

Os números revelam que as famílias e os menores não acompanhados continuam chegando de forma numerosa de Guatemala, Honduras e El Salvador, onde a violência endêmica os força a ir para os Estados Unidos e solicitar asilo.

“Estes números mostram que a administração Trump está restaurando o Estado de direito, e que precisamos realizar um esforço firme e contínuo (…) durante vários meses para desorganizar os cartéis, os contrabandistas traficantes e os delinquentes”, disse Tyler Houlton, porta-voz do departamento de Segurança Interna.

Trump comemorou uma importante queda na imigração ilegal durante seus primeiros oito meses de mandato em 2017, atribuindo a situação às suas decisões de política migratória.

Pobreza

A pobreza nos Estados Unidos é extensa e está se aprofundando no governo de Donald Trump, cujas políticas parecem ter o objetivo de remover uma rede de segurança social que protege milhões de pobres, enquanto ampliam os benefícios para os ricos, indicou um relatório de um especialista da ONU (Organização das Nações Unidas). Philip Alston, relator especial da instituição para a pobreza extrema, pediu que as autoridades americanas forneçam proteção social sólida e tratem de problemas evidentes, em vez de “punir e aprisionar os pobres”.

Enquanto benefícios sociais e acesso a programas de saúde pública têm sido cortados, a reforma tributária de Trump aumenta os lucros financeiros da população muito rica e das grandes companhias, ampliando ainda mais a desigualdade, aponta o documento.

As políticas sociais americanas desde a “guerra contra a pobreza” do presidente Lyndon Johson, nos anos 1960, têm sido “negligentes na melhor das hipóteses”, disse Alston.

“Mas as políticas implementadas ao longo do último ano parecem destinadas deliberadamente a remover proteções básicas dadas aos pobres, punir os que não estão empregados e tornar até a assistência de saúde um privilégio a ser adquirido em vez de um direito de cidadania”, destacou a autoridade da ONU.

Cerca de 41 milhões de pessoas são consideradas pobres, enquanto 18,5 milhões estão em condição de extrema pobreza nos EUA, apontou o especialista. Segundo ele, as crianças representam uma em cada três pessoas pobres. Os EUA têm o maior índice de jovens pobres entre os países industrializados, acrescentou.

“Os cidadãos vivem menos e têm mais doenças do que aqueles que vivem em outras democracias ricas; doenças tropicais erradicáveis estão cada vez mais prevalentes e (os EUA) têm a maior taxa de encarceramento e o maior índice de obesidade no mundo desenvolvido”, apontou Alston.

No entanto, os dados do Escritório do Censo dos EUA que Alston cita abrangem apenas o período até 2016, e ele não fornece números comparativos sobre a extensão da pobreza antes e depois de Trump assumir o poder em janeiro de 2017.

O especialista da ONU e professor de Direito da Universidade de Nova York apresentará seu relatório ao Conselho de Direitos Humanos da ONU ainda neste mês. O documento é baseado em sua missão em dezembro a vários estados americanos, incluindo zonas rurais do Alabama, uma favela no centro de Los Angeles e a ilha de Porto Rico.

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