Terça-feira, 09 de dezembro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de janeiro de 2016
O depoimento do médico Wagner Moraes sobre a morte da modelo Raquel Santos indica contradições sobre a chegada da jovem ao Hospital Icaraí, em Niterói (RJ), após passar mal depois de se submeter a um procedimento estético com o cirurgião. Segundo o delegado responsável, o médico e o marido da modelo, Gilberto de Azevedo, relatam de maneira diferente a chegada da modelo ao hospital.
“O Gilberto disse que ela já chegou desacordada ao hospital, com a boca roxa, passando muito mal e sem consciência. Já o médico disse que ela chegou reclamando de falta de ar, ou seja, com vida e faleceu depois de ser atendida pela equipe médica”, afirmou Mario Lamblet, responsável pelo caso.
Após prestar depoimento, Moraes declarou estar “tranquilo” com o caso. Ele negou que tenha algo a ver com a morte de Raquel. “Ela tinha outros hábitos nocivos e omitiu informações de mim”, destacou ele, acrescentando que não é médico, e sim cirurgião. “Eu sou cirurgião, de qualquer forma. Mas nem cirurgia eu fiz”, justificou-se.
A advogada de Moraes, Veronica Lagassi, afirmou que “mais importante” é o fato de que Raquel sonegou a informação de que fazia uso de anabolizantes. “O que aconteceu poderia ter acontecido em uma academia, ou em qualquer lugar. O que tem que ser falado é a questão do anabolizante que ela utilizava. O marido afirmou ao médico que ela utilizava, mas só depois que a Raquel passou mal”, disse a advogada.
Documentos foram entregues à polícia.
De acordo com Lamblet, Moraes já entregou à polícia os documentos de internação da modelo e levou a substância que foi aplicada nela na noite do procedimento.
O delegado explicou que, no documento apresentado pelo médico, que foi preenchido no momento da realização da cirurgia, Raquel relata que não tinha feito cirurgia nem tomado algum tipo de substância. “O que também é uma divergência porque a gente não sabe como é que o médico sabia que ela tomava anabolizantes, que foi o que ele colocou no atestado de óbito”, afirmou. De acordo com a advogada, o médico não sabia que ela usava anabolizantes, o que foi informado pelo marido apenas no hospital.
Segundo Lamblet, no depoimento, o médico afirmou que Raquel o procurou, no dia 30 de dezembro, para fazer um procedimento de aumento das nádegas, o que ele teria dito que não faria. “Ela, então, fez aplicação para eliminação do bigode chinês [linhas de expressão do nariz ao canto da boca], no dia 11”, contou.
Em nota, a Fundação Municipal de Saúde de Niterói esclareceu que o médico não é funcionário da rede e a declaração de óbito foi fornecida pelo Hospital Municipal Carlos Tortelly, no dia 11 de janeiro, de acordo com a Portaria 116 do Ministério da Saúde, de 11 de fevereiro de 2009.