Sábado, 19 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 30 de setembro de 2019
A Casa Branca tentou encobrir a conversa de Donald Trump com o presidente da Ucrânia, na qual o presidente americano pediu, como um favor, que o país investigasse o presidenciável democrata Joe Biden. Essa acusação consta do informe feito por um delator, ainda anônimo, e que foi divulgado na semana passada nos EUA. O documento agravou a situação de Trump, que sofre processo de impeachment. As informações são do jornal Valor Econômico.
O agravamento foi refletivo no nervosismo demonstrado na quinta-feira passada pelo presidente Trump, que novamente atacou o processo de forma agressiva o processo de impeachment e cogitou ir à Justiça para barrá-lo. Esse agravamento também influenciou os mercados.
O Congresso americano liberou uma versão da acusação feita pelo delator e que foi encaminhada inicialmente ao diretor interino de Inteligência Nacional, Joseph Maguire, que coordena os órgãos de inteligência dos EUA.
O delator supostamente fez a acusação por acreditar que a conversa de Trump com o presidente da Ucrânia, Voldymyr Zelenskiy, continha ilegalidade e ameaçava a segurança nacional dos EUA.
Maguire encaminhou a acusação ao Departamento de Justiça, que não viu motivos para investigar o caso. Mas, após divulgação de parte do conteúdo da acusação pela mídia americana, a Câmara dos Deputados resolveu abrir processo de impeachment contra Trump.
Convocado, Maguire depôs à Câmara e chamou a situação de “única e sem precedentes”.
Segundo a acusação do delator, que seria um agente da CIA (leia Informante de caso é agente da CIA, diz mídia ), autoridades não identificadas da Casa Branca perceberam a gravidade do conteúdo da conversa do Trump com o ucraniano e tentaram esconder a transcrição, colocando-a no servidor que abriga os documentos mais sigilosos do governo americano.
Segundo o delator, Trump pediu a Zelenskiy que a Ucrânia investigasse Joe Biden e seu filho, Hunter, num suposto caso de corrupção no país. Para pressionar o presidente ucraniano, Trump mandou congelar a ajuda militar à Ucrânia. Para o delator, o presidente buscou ajuda de um outro país para obter um benefício político nas eleições para presidente de 2020, o que seria crime eleitoral.
Trump rejeita a acusação de pressão e diz que pediu a investigação por interesse em elucidar a questão envolvendo os Biden. Ele nega que buscou ajuda eleitoral.
“Soube de múltiplas autoridades dos EUA que altas autoridades da Casa Branca intervieram para ‘esconder’ todos os registros da conversa telefônica, especialmente a transcrição palavra por palavra que foi produzida”, diz o delator na acusação. “Essa sequência de atos ressalta para mim que a Casa Branca entendeu a gravidade do que transparecia na ligação.”
Trump autorizou a divulgação da transcrição do telefonema, mas a versão fornecida foi baseada em relatos de pessoas que ouviram a conversa. Não é a versão literal à qual o delator se refere. O Congresso tem o poder de exigir que o governo divulga a versão completa.
Apesar de Trump contar com o apoio público da maioria dos congressistas republicanos, alguns manifestaram preocupação com as acusações do delator. O senador Mitt Romney, que foi candidato a presidente pelo Partido Republicano, disse que as acusações são “profundamente perturbadoras”. Segundo relatos da mídia americana, em privado, muitos políticos republicanos acham graves as acusações contra Trump.
No procedimento de impeachment nos EUA, cabe à Câmara investigar e votar a abertura formal do processo. Este é então é encaminhado ao Senado, que tem a palavra final. Os democratas têm a maioria na Câmara, o que favorece a confirmação do processo. Já os republicanos têm maioria no Senado, o que favorece Trump. Mas, se as investigações reforçarem a acusação ao presidente, esse apoio no Senado pode mudar.