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Por Redação O Sul | 27 de agosto de 2019
A prefeitura de Porto Alegre lançou nessa segunda-feira um edital de concorrência pública internacional para obras de revitalização da Usina do Gasômetro, próximo à orla do Guaíba, no Centro Histórico. Instalado desde 1991 e com portas fechadas há dois anos, o complexo cultural está instalado em um prédio de 1928, tombado tanto pelo município quanto pelo Estado.
O investimento total está previsto em R$ 12,5 milhões, oriundos de recursos municipais e do CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina). De acordo com o prefeito Nelson Marchezan Júnior, o projeto será a maior intervenção já realizada na história do local.
Ele apresentou o edital em cerimônia na Pinacoteca Aldo Locatelli (Paço Municipal). “Só vamos começar obras que tenhamos condições de dar seguimento, e as reformas aprovadas pela Câmara de Vereadores nos deram essa possibilidade”, discursou. “Não será apenas mais uma obra iniciada e parada por falta de planejamento, erro no projeto ou falta de recursos próprios.”
Ainda conforme o prefeito, a administração municipal não conseguia aprovar financiamentos desde 2015 (penúltimo ano da gestão de José Fortunati), mas que agora tem previsão de R$ 668 milhões. “A nova Usina será aberta a todo o 1,5 milhão de porto-alegrenses”, acrescentou. “Direcionamos os recursos para quem mais precisa, a fim de que todos tenham acesso à cultura e inovação.”
Do total a ser investido, R$ 10 milhões virão de empréstimo da CAF, mais R$ 2,5 milhões dos cofres municipais. A compra de equipamentos para o Teatro Elis Regina e a sala de cinema PF Gastal precisarão ainda de mais R$ 2,5 milhões, também incluídos no orçamento municipal.
A empresa ou consórcio que assumirá a execução das obras será definida por meio de licitação, na modalidade concorrência pública de âmbito internacional, com abertura de envelopes no dia 26 de setembro e início dos trabalhos ainda neste ano. O prazo estimado para conclusão da obra é de 14 meses, a partir da ordem de início.
A prefeitura garante que a reforma modernizará o espaço e viabilizará a sustentabilidade financeira do centro cultural (por meio de exploração comercial), sem prejuízo ao espírito “alternativo” da casa. Também estão previstas melhorias na segurança física e infraestrutura do prédio: haverá mudanças, por exemplo, na sala de cinema P. F. Gastal (que deve sair do terceiro andar para o térreo) e nas escadas, com duas novas unidades.
O diretor da Usina do Gasômetro, Luiz Armando Capra Filho, detalhou que o projeto é da 3C Arquitetura e Design, com aprovação do Iphae (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado) e Compahc (Conselho do Patrimônio Histórico Cultural da Secretaria Municipal da Cultura). Além disso, o PPCI (Plano de Proteção Contra Incêndios) está liberado desde julho pelo Corpo de Bombeiros.
Detalhes
– Assentos e outros itens para os visitantes apreciarem a vista do Guaíba;
– Instalação de um restaurante com vista panorâmica, no quarto andar;
– Qualificação da sala de cinema P. F. Gastal e deslocamento do terceiro andar para o térreo;
– Reconfiguração do Teatro Elis Regina, no segundo pavimento, agora com formato de arena e capacidade para 300 espectadores sentados;
– Todos os espaços com 100% de acessibilidade para pessoas com deficiência.
Manifestações
“Esse edital representa um momento histórico para a Usina, com uma obra que encontrará a alma de um povo”, enalteceu o titular da SMC (Secretaria Municipal da Cultura), Luciano Alabarse. Já a responsável pela pasta estadual do setor, Beatriz Araújo, mencionou a complexidade do projeto, do processo de contratação e da busca de entendimento entre diferentes órgãos.
Representando a Câmara de Vereadores, Reginaldo Pujol salientou a devolução oficial do Largo dos Açorianos (também no Centro Histórico), na última quinta-feira, após três anos de obras de revitalização: “Quando não se tem recursos na área cultural, temos que procurar. Eu vejo que várias das minhas expectativas estão se tornando realidade”.
(Marcello Campos)