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Saúde As gestantes agora têm maior urgência em saber o tamanho da cabeça do feto do que o sexo do bebê que vai nascer

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Criança com microcefalia nasce com o perímetro cefálico menor do que o convencional. (Crédito: Reprodução)

Depois de surpreender autoridades e cientistas ao apresentar, em novembro de 2015, os primeiros exames que identificaram a infecção do vírus zika em bebês com microcefalia, a obstetra Adriana Melo voltou a provocar alvoroço. Em janeiro, publicou em parceria com a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz Ana Bispo um estudo que aponta uma relação entre zika e outra má-formação rara: a artrogripose, uma doença que se caracteriza por graves deficiências nas articulações

Os achados foram resultado do inconformismo da médica quando recebeu em seu consultório duas gestantes que apresentavam embriões com deficiências na formação do cérebro, em Campina Grande (PB), onde mora e trabalha. “Em 17 anos de experiência, nunca havia visto nada parecido, era diferente de outras má-formações”, conta. O cerebelo, responsável pelo equilíbrio e capacidade motora, era praticamente inexistente.

Pediu para as pacientes voltarem. Em outro exame, identificou a presença de calcificações no cérebro – uma reação geralmente encontrada em processos infecciosos. Dias depois, recebeu informações sobre aumento do número de crianças com microcefalia e uma possível ligação com zika. Era o que faltava para fechar o círculo. “Achava que a coisa mais natural seria pesquisar a presença do vírus nos embriões. Cheguei a sugerir, mas não recebi resposta.” Diante de sua impaciência, um colega sugeriu: “Seu papel é apenas notificar, aguarde as pesquisas”.

Adriana não aceitou. “Nunca deixei paciente sem resposta.” Diante de seu inconformismo, ela foi apresentada a uma médica paraibana que trabalha na Fiocruz e, daí, foi um passo até chegar a Ana Bispo. “Ficamos duas horas conversando. Ela disse como devia proceder para enviar o material”, recorda. As mães toparam, o material foi coletado, congelado e despachado para a Fiocruz. Neste intervalo, Adriana aproveitou um curso que faria em São Paulo sobre medicina fetal, levou os casos para discutir com o médico Gustavo Malinger, da Universidade de Tel Aviv. Ao ver os casos, foi feita a sugestão de que mães fossem examinadas pela equipe. A prefeitura de Campina Grande pagou as passagens, as gestantes aceitaram e, durante o fim de semana, várias discussões e análises foram realizadas. O resultado saiu dias depois, deixando aturdidos especialistas e Ministério da Saúde.

Criticada por alguns de que suas pesquisas não são suficientes, Adriana fala com tranquilidade. “Estou apenas trazendo para todos achados que considero importantes. É uma má-formação congênita em que a criança nasce com o perímetro cefálico menor do que o convencional, que é de 32 centímetros. Isso significa que o cérebro não se desenvolveu da maneira esperada.”

Depois disso, sua vida profissional mudou. “Fico sempre pensando: será que hoje terei de dar diagnóstico para alguma mãe?” Embora essa tenha se transformado em uma tarefa cada dia mais comum, ela diz que não se acostuma com o peso emocional.

“É todos os dias como se puxasse o tapete da paciente. Hoje, no consultório há um clima de terror. Vejo nos olhos delas o pensamento: ‘Será que sou a próxima vítima?’.” A clássica pergunta “é menino ou menina?” foi trocada para “qual o tamanho da cabeça?” Por enquanto, a única ajuda que conseguiu na pesquisa foi o empréstimo de uma máquina de diagnóstico. “Há muitas perguntas a serem respondidas. Enquanto tiver ideias de formas sobre como tentar solucioná-las, vou pesquisar.” (AE)

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