Sexta-feira, 14 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de fevereiro de 2017
Com a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concorrer novamente à Presidência da República, a disputa pelo cargo em 2018 poderá ter um componente eleitoral inédito, sugere uma pesquisa qualitativa feita pela empresa Ideia Inteligência: saudades.
Ao explorar os argumentos e as justificativas de um grupo selecionado de eleitores que andam afastados do PT, mas declaram intenção de votar no petista, o levantamento identificou reiterados sinais de um sentimento de nostalgia em relação à sua gestão, de 2003 a 2010. Eleitores não ideológicos que estariam dispostos a guiar a escolha baseados em boas lembranças daquele governo. Lembranças associadas, principalmente, a aspectos econômicos.
Em dezembro, num levantamento quantitativo com 2.828 entrevistas e margem de erro de dois pontos, o Datafolha mostrou que Lula é líder isolado em todos os cenários de primeiro turno. Apesar do noticiário francamente desfavorável em 2016, com a Lava-Jato em seu encalço, impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e derrota do PT nas eleições municipais, as intenções de voto no ex-presidente cresceram, enquanto a taxa de rejeição ao seu nome apresentou tendência de recuo. Em seu melhor cenário, Lula pulou de 17% em março para 26% em dezembro. Em simulações de segundo turno, só perdeu para a sua ex-ministra Marina Silva (Rede).
Para tentar entender que tipo de fenômeno pode estar sustentando esse desempenho, a empresa Ideia reuniu um grupo específico de eleitores declarados do petista e promoveu uma discussão de uma hora e meia, estimulada por um profissional habilitado. Trata-se de uma técnica muito usada por marqueteiros para captar motivações subjetivas de segmentos de eleitores e orientar rumos publicitários de campanhas eleitorais.
Um dos aspectos mais destacados pelos participantes foi o do trabalho, realçado várias vezes durante a sessão. “Havia um equilíbrio entre as coisas, a taxa de desemprego era muito baixa. No governo dele, eu arrumava emprego fácil, mesmo sendo menor de idade”, afirmou um dos participantes. “Antes eu escolhia a empresa que eu queria trabalhar”, completou outro. “Era um governo que todo mundo gostava, você não via ninguém fazer baderna”, resumiu mais um. “Só quem não gostou da administração dele foi o pessoal da classe A. Muita gente começou a ter opção e salário melhor e parou de se sujeitar para os patrões.” (AG e Folhapress)