Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 4 de abril de 2020
Passadas três semanas desde que se tornou o primeiro país a entrar em isolamento por causa da pandemia de coronavírus, a Itália tem hoje 2,8 bilhões de pessoas em quarentena. Segundo especialistas, chegar a um pico de contágio não é sinônimo de reabertura: o isolamento deve continuar por mais tempo, a fim de evitar uma segunda onda de infecções.
A bióloga e doutoranda em epidemiologia Sabrina Simon, de Turim, defende a manutenção da medida até que se pare de registrar novos casos da doença: “Se as pessoas voltarem para a rua antes de a doença ser extinta, o país volta a ter mais pessoas suscetíveis ao vírus e então começa uma nova onda epidêmica”.
Até agora, autoridades de saúde dividem a população em duas categorias: suscetíveis e imunes. Como ainda não há vacina para o novo coronavírus, são considerados imunes, a princípio, os pacientes que já tiveram contato com o vírus. Ao se isolar pessoas que não pegaram a doença, a ideia é que o vírus não encontre mais pacientes vulneráveis e que as infecções parem de ocorrer.
O pico da curva de contágio indica que um número máximo de pacientes suscetíveis já teve contato com o vírus e que, a partir daí, o Sars-CoV-2 encontrará cada vez menos vítimas. A curva em queda, portanto, indica que, mantendo-se o isolamento, as infecções devem desaparecer.
Mas a tendência de queda não significa a retomada imediata de todas as atividades. “O retorno deve ser muito cauteloso para evitar que a epidemia volte nas semanas seguintes”, alerta Sabrina.
As autoridades de Roma têm evitado fazer previsões públicas de quando a curva de contaminação no país chegará ao pico. Na sexta-feira, representantes da Defesa Civil italiana disseram acreditar que a quarentena poderá ser estendida até 1º de maio.
O governo chama de “Fase 2” a reabertura gradual do comércio, desde que garantindo a distância de um metro entre clientes. Escolas, academias e cafés ficariam no fim da fila, devido à ameaça de contágio causada pela proximidade dos alunos e clientes.
Oficialmente, o confinamento e o fechamento das atividades não essenciais em toda a Itália vai até 13 de abril, logo após a Páscoa, o que representa um adiamento em 10 dias em relação ao primeiro decreto que colocou o país em quarentena. O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, em entrevista coletiva por teleconferência, na última quarta-feira.
Exame de sangue
O governo italiano tem, hoje, seis ensaios clínicos em andamento em busca do tratamento adequado, a partir de voluntários humanos. O Conselho Superior de Saúde da Itália informou que uma dessas ferramentas é um um exame de sangue capaz de definir quantos indivíduos em determinada região já apresentam anticorpos no sangue.
Os primeiros testes começaram a ser feitos na semana passada, com os mais de 50 mil servidores da saúde da região do Vêneto. O problema é que a produção de anticorpos para o novo coronavírus pode ser lenta em relação ao momento do contágio. Ou seja, uma pessoa infectada pode ter desenvolvido anticorpos e ainda ter o vírus no corpo. E pode, portanto, contagiar outros indivíduos.
Desta forma, o resultado do teste seria confiável dentro de uma pesquisa epidemiológica ampla, por exemplo, mas não serviria para diagnosticar um indivíduo. Na Itália, o exame considerado seguro é feito com a análise da mucosa da faringe, onde se pode identificar a presença do vírus, não do anticorpo.