Sexta-feira, 14 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de fevereiro de 2022
O presidente Jair Bolsonaro afirmou que a viagem para a Rússia está confirmada para o final do mês de fevereiro e será muito boa para o Brasil, mas que não planeja tratar da crise do país com a Ucrânia em suas conversas com o presidente russo, Vladimir Putin.
“Se esse assunto vier à pauta será por vontade do presidente Putin”, afirmou em entrevista a TV Record transmitida em suas redes sociais.
Bolsonaro disse ainda que a viagem será “muito boa para o Brasil” e que quer ampliar as relações comerciais com o mundo todo, e que o governo brasileiro espera uma solução com harmonia para a crise entre a Rússia e a Ucrânia.
A viagem do presidente, marcada para o dia 17 de fevereiro, ocorre em um momento em que o governo russo tem mais de 100 mil soldados estacionados na fronteira com a Ucrânia, no que é visto como uma preparação para uma invasão que poderia se iniciar a qualquer momento.
EUA
Em meio às tensões envolvendo temores de uma invasão, o governo dos Estados Unidos tem intercedido junto ao Brasil para que seja cancelada a viagem do presidente Jair Bolsonaro a Moscou.
De acordo com o jornal O Globo, representantes da Casa Branca argumentaram que o momento não é adequado para o encontro entre Bolsonaro e o presidente russo, Vladimir Putin, pois poderia ser interpretado como a tomada de um lado na crise Rússia-Ucrânia pelo Brasil.
Ao jornal, uma fonte do governo brasileiro afirmou que essa não será a mensagem da visita. “Desejamos o entendimento diplomático entre Rússia e Ucrânia, dois países com os quais temos ótimas relações”, disse.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, manifestou preocupações quanto a essa possível mensagem simbólica da visita de Bolsonaro em conversa telefônica com o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Carlos França, no último domingo.
Segundo o Poder360, França informou a Blinken que a viagem de Bolsonaro está mantida e que o Brasil segue a favor de solução diplomática duradoura para as tensões.
Em 10 de janeiro – dias depois de o Brasil assumir uma vaga rotativa no Conselho de Segurança da ONU, com mandato de dois anos –, Blinken havia pedido ao governo Bolsonaro uma resposta “forte e unida” contra as “novas agressões da Rússia” à Ucrânia.
No telefonema de domingo, além de manifestar apreensão em relação à ida de Bolsonaro a Moscou, Blinken teria pedido que o Brasil votasse a favor da realização de uma reunião no Conselho de Segurança da ONU sobre a situação da Ucrânia – o que o Brasil acabou fazendo um dia depois.
Na reunião, Ronaldo Costa Filho, embaixador do Brasil na ONU, tentou manter uma posição neutra e apelou ao diálogo entre as partes envolvidas nas atuais tensões em torno da Ucrânia.
“A proibição do uso da força e a resolução pacífica de disputas e o princípio de soberania e integridade territorial e a proteção de direitos humanos são pilares do nosso sistema coletivo de segurança”, afirmou.
A embaixada americana em Brasília afirmou que “EUA, Brasil e outras nações democráticas têm a responsabilidade de defender os princípios democráticos e proteger a ordem baseada em regras, além de reforçar essa mensagem à Rússia em toda oportunidade”.