Quarta-feira, 12 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de fevereiro de 2018
Diante de um problema, o cérebro busca a solução testada e aprovada com sucesso no passado. O problema é quando surgem novos problemas e as experiências passadas se tornam um obstáculo para que um novo desfecho seja produzido.
Para resolver esse impasse, cientistas da Universidade Queen Mary, de Londres, testaram o uso da estimulação transcraniana cerebral, que é indolor e não invasiva, para suprimir o córtex pré-frontal, área do cérebro responsável por esse processo de indução de respostas.
O trabalho consistiu em testar a criatividade de 60 voluntários, que deveriam resolver problemas matemáticos de diferentes graus de dificuldade com palitos de fósforo, movendo apenas um deles, antes de receber a estimulação no cérebro.
Depois eles foram divididos em três grupos: um recebeu uma estimulação placebo, o segundo recebeu estimulação catódica (positiva) e o terceiro recebeu estimulação anódica (negativa).
Resultado: a estimulação positiva fomentou a solução mais criativa, fora da caixa, mas ao custo de suprimir a chamada memória de trabalho a que usamos para guardar por alguns instantes um número de telefone antes de discá-lo, por exemplo.
O trabalho foi descrito em artigo publicado na revista especializada “Scientific Reports”, do grupo Nature, e coordenado pela neurocientista e pós-doutora brasileira Caroline Di Bernardi Luft.
“Ao inibir a parte do cérebro responsável pela aplicação automática é possível desbloquear o que o resto do cérebro está dizendo. Isso já tinha sido observado em pacientes com lesão na área frontal ou que tiveram derrame”, disse ela
A neurocientista explica que esse pode ser o primeiro passo para aprimorar o tratamento de pacientes com declínio cognitivo que sofrem com perda de memória, falta de atenção e dificuldades relacionadas ao raciocínio lógico, depressão e outras doenças.
Estimulando a criatividade
Especialistas usam corrente elétrica para inibir o lobo frontal, responsável pela memória a curto prazo. Os participantes do estudo tinham a tarefa de resolver problemas matemáticos com palitos de fósforo, movendo apenas um palito para encontrar a solução:
1. Os participantes do estudo que não receberam a estimulação de corrente elétrica tendiam a resolver mais facilmente os problemas tidos como elementares;
2. Os que receberam a estimulação conseguiram encontrar soluções menos óbvias para os problemas.