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Decisão de Alexandre de Moraes sobre local da prisão de Bolsonaro terá consequências políticas

Escolha do local onde Bolsonaro ficará preso caberá a Moraes e é uma decisão de caráter discricionário. (Foto: Luiz Silveira/STF)

Qualquer decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, sobre o local onde o ex-presidente Jair Bolsonaro cumprirá pena deverá gerar repercussões políticas significativas e será inevitavelmente incorporada às narrativas de diferentes campos ideológicos. Essa é a avaliação da colunista de O Estado de S. Paulo, Raquel Landim, que destacou o peso simbólico e político da decisão.

“Como um caso que envolve um ex-presidente da República, ele é político por essência. Qualquer decisão que se toma nesse caso, até mesmo o local onde Bolsonaro vai ser preso, tem consequências políticas”, afirmou Landim. Segundo a jornalista, a definição do local ficará a cargo de Moraes, relator do processo, e será uma decisão de caráter discricionário, ou seja, dentro da margem de escolha que o magistrado possui após o encerramento do julgamento.

De acordo com Landim, três alternativas principais estão sendo consideradas: o presídio da Papuda, em Brasília; uma sala especial na sede da Polícia Federal; ou uma instalação militar, possivelmente em um quartel do Exército. Cada uma dessas opções, observa a colunista, carrega potenciais implicações políticas e simbólicas distintas.

“Qualquer opção dessas que o Moraes escolher vai ser utilizada por uma narrativa política, seja da direita, seja da esquerda, e isso vai estar no meio do processo político brasileiro. Qualquer opção que o ministro Moraes escolher tem consequências políticas. Não é uma escolha simples, não é uma escolha que não tem um custo político”, reiterou.

Em sua análise, Landim destaca que o ministro enfrenta um dilema complexo. Caso opte por uma prisão considerada “privilegiada”, como uma sala da Polícia Federal, poderá ser acusado por setores da sociedade de adotar uma postura leniente diante de crimes graves. Por outro lado, se decidir pelo cumprimento da pena em um quartel do Exército, essa medida pode ser interpretada como uma tentativa de preservar a imagem do ex-presidente e evitar tensões com as Forças Armadas, o que também geraria críticas de parte da opinião pública.

A terceira alternativa, o envio de Bolsonaro para um presídio comum, como o Complexo da Papuda, seria vista por muitos como a aplicação mais rigorosa da lei. Entretanto, segundo Landim, essa escolha poderia alimentar o discurso de vitimização já explorado por aliados do ex-presidente, que sustentam a tese de perseguição política. (Com informações de O Estado de S. Paulo)

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