O desembargador Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, se declarou suspeito para julgar casos que envolvam o empresário Fernando Cavendish, ex-executivo da construtora Delta, segundo informou a GloboNews nesta terça-feira (5).
Isso ocorreu após o Ministério Público Federal (MPF) pedir a suspeição do desembargador, alegando que ele é amigo de Técio Lins e Silva, o mesmo advogado que defende Cavendish e que, em outra oportunidade, também atuou na defesa de Athié.
Prisão domiciliar
O Ministério Público Federal (MPF) pediu que o desembargador Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), seja impedido de julgar qualquer recurso contra a operação Saqueador, da Polícia Federal, que investiga o desvio de R$ 370 milhões em contratos de obras públicas. Os procuradores querem também que as decisões já proferidas por Athié sejam revistas.
No documento encaminhado ao TRF-2, ao qual a reportagem teve acesso exclusivo, o MPF aponta que o advogado de Cavendish, Técio Lins e Silva, já defendeu o desembargador, o que configuraria conflito de interesses. O Ministério Público também indica que há uma relação de amizade entre Athié e Cavendish.
Athié foi o responsável pela conversão dos mandados de prisão preventiva para domiciliar aos cinco presos na ação, entre eles o dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish, e o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Para o MPF, essa decisão não poderia ser tomada por um só magistrado, mas apenas por uma das turmas de desembargadores do tribunal.
O Ministério Público argumenta ainda que a prisão preventiva dos cinco suspeitos é a medida mais apropriada para a desarticulação do esquema criminoso, uma vez que todos têm boa condição financeira e poderiam prejudicar as investigações, caso ficassem em liberdade.
Mesmo beneficiados pela decisão de Ivan Athié, Fernando Cavendish, Carlinhos Cachoeira e os outros presos na operação Saqueador permanecem no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. Por falta de tornozeleiras eletrônicas, a Justiça negou a liberação deles para a prisão domiciliar. Os cinco tiveram os cabelos raspados em Bangu 8, como mostrou o RJTV nesta segunda-feira (4), assim que deram entrada no presídio.
Denúncia aceita
Na sexta-feira (1º), o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, aceitou a denúncia contra os 22 acusados de participar de um esquema que desviou R$ 370 milhões dos cofres públicos.
Na quinta (30), agentes do MPF e da PF do Rio foram às ruas em três estados para operação que foi batizada de Saqueador, que tinha o objetivo de combater a lavagem de dinheiro e o desvio de verbas em obras públicas. (AG)
