A presidenta Dilma Rousseff se reuniu nesta quarta-feira (08) com seu colega russo Vladimir Putin, depois do jantar oferecido pelo anfitrião aos chefes de Estado e de governo que participam da sétima reunião de cúpula do Brics – grupo de países emergentes composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O evento ocorreu em Ufá, capital da República da Bashkiria, no sudoeste da Rússia.
Além do russo e da brasileira, participaram do jantar os líderes de seus países Narendra Modi (Índia), Xi Jinping (China) e Jacob Zuma (África do Sul).
No início da reunião, Putin destacou que as relações bilaterais entre Rússia e Brasil “se desenvolvem de forma muito positiva” e expressou a necessidade de “continuar o trabalho em âmbitos de alta tecnologia, como aviação e ciência espacial”.
Nesse sentido, Putin se mostrou agradecido porque o Brasil já utiliza o sistema de posicionamento global russo Glonass em duas estações e disse que “agora estamos conversando para criar um complexo para a busca de lixo espacial”. “Este é um tema extraordinariamente importante para o Brasil e a Rússia”, comentou.
Dilma manifestou ao colega sua admiração pelo nível de preparação da cúpula e se mostrou “segura de que será um sucesso”, além ter declarado que “é uma honra estar em Ufá”. A mandatária também destacou a importância do evento “porque se trata do lançamento do Novo Banco de Desenvolvimento e do Fundo de Reservas”.
Além disso, a presidenta lamentou não ter estado na capital russa, Moscou, para assistir as comemorações do aniversário de 70 anos da vitória soviética sobre a Alemanha nazista. A governante brasileira também afirmou que espera que Rússia e Brasil aumentem suas trocas comerciais, que “ainda estão abaixo de seu potencial”.
Nesse sentido, Dilma disse que o Brasil oferece agora muitas oportunidades de investimento porque está realizando um plano de infraestrutura e comentou que os russos contam com empresas muito qualificadas para isso. Por outro lado, Putin indicou que os membros do Brics devem trabalhar para que as divisas nacionais possam ser utilizadas nos intercâmbios comerciais.
Banco e Fundo
Nesta quinta-feira (09), Dilma participará da cerimônia de encerramento do Conselho Empresarial do Brics e na sessão plenária da cúpula. Durante o encontro, espera-se que os líderes dos cinco países afinem os últimos detalhes do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, que começará a operar após a cúpula, com capital inicial de 50 bilhões de dólares, que poderá ser ampliado para até 100 bilhões de dólares.
Na terça-feira (07), os bancos centrais dos países integrantes do bloco assinaram, em Moscou, um acordo operacional sobre as condições para a ativação de um Fundo de Reservas Comum, dotado com 100 bilhões de dólares, que serão destinados a ajudar seus membros no caso de uma crise mundial.
Grécia
Os países do Brics não pretendem incluir a atual crise na Grécia como tema de debates da cúpula. O subsecretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, José Alfredo Graça Lima, assegurou que as turbulências envolvendo a Grécia e a União Europeia não entraram na pauta das reuniões preparatórias e, em princípio, não deverão ser citadas na declaração final do encontro.
“Mas quando chefes de governo se reúnem, no Brics ou em outro formato, eles têm toda a liberdade de conversar”, disse Lima, apontando que o tema, mesmo que não seja abordado de forma oficial, poderá ser tratado em encontros paralelos.
O diplomata também descartou que a nova instituição bancária criada pelo Brics possa auxiliar a Grécia de alguma forma financeira. “O banco foi criado para financiar projetos de desenvolvimento sustentável e de infraestrutura. No início, a prioridade será dada aos membros do Brics, mas também serão contemplados outros países em desenvolvimento. Não se falou em financiar países pertencentes à União Europeia”, garantiu.
O último encontro entre os presidentes do Brics ocorreu em novembro do ano passado, em Brisbane (Austrália), em meio à reunião do G20, formado pelas 20 principais economias do mundo.
Itália
Após cumprir agenda na Rússia, Dilma seguirá para a Itália, onde se reunirá com o primeiro-ministro local, Matteo Renzi, em Roma. No país, ela também viajará a Milão, a fim de visitar expositores brasileiros na Expo Milão.
