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Por Redação O Sul | 17 de julho de 2021
Durante uma reunião com seus assessores, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria chamado a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, de “aquela vadia” (“that bitch”, em inglês) e “kraut de merda” (“fucking kraut”), termo pejorativo para se referir aos soldados alemães que lutaram na Primeira e na Segunda Guerra Mundial. A chanceler não estava presente no momento.
A revelação foi feita pelo livro “I alone can fix it: Donald J. Trump’s catastrophic final year” (“Eu sozinho posso consertar isso: o catastrófico último ano de Donald J. Trump”, em tradução livre), que será lançado na terça-feira por Carol Leonnig e Philip Rucker, repórteres do Washington Post. Trechos da obra foram obtidos com exclusividade pela rede americana CNN, revelando também que o alto comando militar dos EUA chegou a se preparar para frear uma possível tentativa de golpe de Trump.
O comentário do ex-presidente, que tinha uma relação notoriamente conflituosa com a chanceler e é criticado por uma série de posicionamentos machistas, teria sido realizado em uma reunião sobre a Otan, a principal aliança militar do Ocidente, e as relações germano-americanas, no Salão Oval da Casa Branca.
“Aquela vadia, Merkel. Eu conheço essa kraut de merda”, ele teria dito, escreveram os autores. “Trump, em seguida, apontou para uma foto emoldurada de seu pai, Fred Trump, atrás de sua mesa presidencial, e disse: ‘eu fui criado pelo maior kraut de todos'”, diz o livro em seguida. Por meio de um porta-voz, Trump negou ter feito os comentários.
Os avós paternos do ex-presidente são alemães que imigraram para os Estados Unidos no fim do século XIX – com a mudança, o avô de Trump, Friedrich, escapou de três anos de serviço militar obrigatório. O pai do ex-presidente, Fred Trump, nasceu no distrito nova-iorquino do Bronx, mas cresceu imerso na cultura alemã e tinham o idioma como sua língua primária.
A relação de Trump e Merkel é conturbada desde antes da chegada do republicano à Casa Branca. Ainda como pré-candidato, em 2015, o republicano disse que a líder alemã “deveria ter vergonha de si mesma” por ter recebido em seu país 1 milhão de refugiados sírios, no auge da crise de imigrantes e refugiados no continente europeu. Mais tarde, naquele ano, quando a chanceler foi nomeada “Personalidade do Ano” pela revista Time, Trump disse em seu Twitter que ela estava “estragando a Alemanha”.
O clima não melhorou após o republicano chegar à Casa Branca: os dois discordavam em assuntos-chave para as relações entre Berlim e Washington, como o papel da Otan e de organismos multilaterais. As críticas constantes do então presidente ao mecanismo de financiamento da aliança e suas ameaças de tirar Washington do pacto, em particular, eram motivo de descontentamento e atritos entre os EUA e as lideranças europeias.
Após a primeira cúpula da Otan da qual o republicano participou, ainda em 2017, Merkel declarou publicamente que a Europa já não poderia mais “depender completamente dos outros” para a sua segurança. Após a reunião, ela disse, havia ficado claro que “nós europeus precisaremos ter o nosso destino nas nossas próprias mãos”. Nos anos seguintes, fez várias críticas veladas ao unilateralismo do republicano.
A chanceler foi uma das primeiras a parabenizar o democrata Joe Biden por sua vitória em 2020. Logo após o resultado ser projetado pelos veículos de comunicação americanos, Merkel tuitou afirmando que estava “ansiosa por uma futura cooperação com o presidente Biden”. As informações são do jornal O Globo.