Sexta-feira, 14 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de setembro de 2018
Em um vídeo gravado na Santa Casa de Juiz de Fora (MG) e divulgado nas redes sociais pelo senador Magno Malta (PR-ES), o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL-RJ) aparece falando pela primeira vez após a facada que sofreu na quinta-feira em Minas Gerais.
“Até o momento, Deus quis assim. Eu me preparava para um momento como esse porque você corre riscos. Mas, de vez em quando, a gente duvida, né! Será que o ser humano é tão mau assim? Nunca fiz mal a ninguém…”, diz o presidenciável.
Malta (que chegou a ser cotado para vice na chapa) aparece acompanhado dos filhos de Bolsonaro. O candidato do PSL aparece deitado em um leito da UTI, acordado e lúcido, mas com a voz fraca e baixa. Conforme os médicos, ele deve ficar internado por até uma semana e o seu estado de saúde é considerado grave, porém estável (uma série de exames indicou que o seu quadro evolui bem).
No vídeo, o candidato agradece a Deus e à equipe médica que “impediu que o pior acontecesse”, e falou sobre o momento em que foi esfaqueado. “Senti apenas uma pancada na boca do estômago, uma dor insuportável, parecia que tinha algo mais grave acontecendo”.
Ele falou também sobre a família: “Com todo respeito aos profissionais, mas a família é importantíssima porque nesse momento é no que a gente pensa em primeiro lugar. O que nós podemos juntos é fazer e se garantir. Nesse momento em que meus filhos estão aqui, agradeço a vocês que estão aqui, minha esposa que está chegando. Obrigado Brasil. Estamos juntos!”.
Bolsonaro lamentou não poder ir ao Rio de Janeiro para as comemorações do Dia da Independência: “Infelizmente não vou poder comparecer amanhã à avenida Presidente Vargas para o desfile do 7 de Setembro. Mas estamos com coração e mente, sempre tendo um Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.
Recuperação
Jair Bolsonaro não deverá receber alta hospitalar antes de “uma semana ou dez dias”, disse em coletiva de imprensa o médico Luiz Henrique Borsato, da Santa Casa de Juiz de Fora, um dos profissionais que operaram o candidato antes da transferência para São Paulo. Ele ressaltou que o prazo é uma estimativa e que tudo dependerá da evolução do quadro do paciente.
O candidato era carregado nos ombros por apoiadores quando um homem se aproximou e o atingiu na barriga. “As lesões internas foram graves e colocaram em risco a vida do paciente”, disse Borsato.
Bolsonaro chegou ao hospital por volta das 15h40min, perdendo muito sangue por causa do ferimento, e foi submetido a uma cirurgia de urgência chamada laparotomia exploradora. No procedimento, o abdômen é aberto para que a cirurgia possa corrigir as lesões.
O procedimento detectou que o intestino grosso foi transfixado pela faca e que também ocorreram três lesões no intestino delgado. A facada atingiu ainda uma veia do abdômen:
“O que houve foi um sangramento na veia abdominal, que logo foi estancado, e lesões nos intestinos grosso e delgado. Foi retirada a parte lesada do intestino grosso, e o intestino delgado foi costurado”, disse Borsato. A lesão no fígado, que chegou a ser alvo de cogitações, foi descartada.
Uma equipe de cinco cirurgiões e dois anestesistas trabalharam na operação. Durante o procedimento, Bolsonaro precisou receber quatro bolsas de sangue em transfusão. A cirurgia durou cerca de duas horas e terminou por volta das 19h40min. Em seguida, Bolsonaro foi levado entubado e sedado para a UTI.
Os médicos fizeram uma colostomia temporária, a fim de conectar o intestino a uma bolsa fora do corpo, evitando que as fezes passem e possam causar uma infecção no local onde foi tratada a perfuração. Ele deve ser submetido a outra operação futuramente, para reverter o procedimento.