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Haddad lamenta a falta de apoio de Ciro Gomes e ataca Bolsonaro: “É o rebotalho da ditadura”

Erro do petista (foto) começou com declaração do cantor Geraldo Azevedo. (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula) (Foto: Marcelo Camargo/ABr)

Em sabatina realizada na Redação Integrada dos jornais Globo, Extra, Valor e revista Época, nesta terça-feira, o candidato do PT, Fernando Haddad, partiu para as críticas contra o adversário Jair Bolsonaro (PSL), o qual chamou de “rebotalho da ditadura”, admitiu erro de estratégia do PT ao não prever a enxurrada de fake news nas redes sociais e afirmou que as críticas do PT à Operação Lava-Jato e ao Judiciário estão circunscritas ao caso Lula: “Ninguém é contra prender empresário corrupto. Se eu for eleito, o corruptor vai ter a pena agravada”.

Durante a entrevista, Haddad repetiu acusação feita no sábado pelo músico Geraldo Azevedo , em show em Jacobina, na Bahia . Azevedo disse que foi preso duas vezes na ditadura e que foi torturado. Segundo o artista, Mourão era um dos torturadores. Azevedo acusou o general Hamilton Mourão , candidato a vice de Jair Bolsonaro, de tê-lo torturado em 1969. No ano, no entanto, Mourão tinha 16 anos.

“Esse cara bebeu (Azevedo). Observe que em 1969 eu estava no Colégio Militar, em Porto Alegre, no 1º ano do 2º grau”, disse Mourão ao Globo.

Consulta à Comissão da Verdade não mostra citação alguma a Mourão, que entrou para o Exército em 1972.

Ao falar sobre a proliferação de notícias falsas contra a sua campanha, o petista afirmou que a disseminação em massa de informações falsas pelo WhatsApp fez a diferença no resultado do primeiro turno, principalmente em São Paulo e Minas Gerais. Ele também defendeu a gestão de Sérgio Gabrielli à frente da Petrobras.

“Eu fiz a minha parte para defender o que considero um projeto democrático de país, contra aquilo que considero que será um grande atraso, um retrocesso retumbante, que é a vitória de um rebotalho da ditadura, que é o que sobrou dos porões. O (Hamilton) Mourão foi ele próprio torturador. Então eu acho que deveria causar temor em todos os brasileiros minimamente comprometidos com a democracia no Brasil”, disse o petista, citando o vice na chapa de Bolsonaro, que foi lembrado pelo cantor Geraldo Azevedo em um show.

Ciro Gomes

No início do encontro, ele lamentou ainda que o candidato derrotado do PDT, Ciro Gomes , não tenha se engajado em sua campanha no segundo turno. Ele declarou “apoio crítico” e viajou para a Europa. Ao mesmo ele elogiou a também candidata Marina Silva (Rede) pelo apoio manifestado ontem, em nota .

Um dia depois de receber o apoio de Marina Silva, Haddad fez um mea culpa sobre os ataques feitos pelo PT a ela na eleição de 2014, mas atribuiu a responsabilidade ao marqueteiro João Santana.

Na ocasião, a campanha de Dilma Rousseff tachou Marina como defensora dos interesses dos bancos, devido à presença em sua equipe da educadora Neca Setúbal, acionista do Itaú.

“Isso foi um erro. Eu liguei para o João Santana (marqueteiro de Dilma) porque havia o rumor de que isso seria efeito. Ele respondeu que não (seria feito). E fez”, disse o presidenciável.

Soldado de araque

Haddad reiterou, quando perguntado sobre a “sensação de medo” de uma tomada do poder pelos militares, que considera Bolsonaro um “soldado de araque”, mas que teme pela atuação de pessoas que o acompanham. Haddad afirmou, no entanto, que não citaria outros nomes além do general Hamilton Mourão – a quem chamou de “torturador” – porque tem “compromisso com a verdade”.

“Uma minoria do Exército tem essa ambição (de tomar o poder)? Tem. Aeronáutica e Marinha eu acho que não. A gente não sabe o tamanho desse burburinho, o potencial dele. Por isso que o Bolsonaro não pode ser eleito. Para que correr esse risco?”, questionou Haddad.

O candidato do PT reconheceu que os temores podem ser infundados, mas voltou a atacar a capacidade técnica e intelectual de Bolsonaro.

“O que é líquido e certo é que ele (Bolsonaro) é uma pessoa vazia. Não tem nenhuma ideia. Não vai a debates porque é incapaz de defender uma ideia. É uma coisa constrangedora.”

Ao comentar sobre temas mais conservadores introduzidos por Jair Bolsonaro na campanha, Fernando Haddad afirmou que a busca pelo eleitorado mais religioso, apegado a tradições, foi intensificada pelo PSDB nas duas últimas eleições presidenciais.

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