A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou queda para 0,75% no mês de junho em Porto Alegre, contra 0,97% em maio. Os números foram divulgados nessa quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com isso, a capital gaúcha está em oitavo lugar entre 13 regiões metropolitanas pesquisadas pelo instituto. Em um período de 12 meses, o acumulado na cidade passou de 6,63% para 9,35%.
De acordo com o IBGE, o IPCA do sexto mês do ano foi o maior desde 1996, chegando a 0,79%. No mês anterior, o indicador havia acelerado 0,74%. “Os meses de junho costumam ser baixos. E esse ano, os números têm sido maiores em geral do que em 2014, pela influência dos preços administrados [como taxa de esgoto e passagem de ônibus]”, disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índice de Preços do IBGE. Com esse resultado, a inflação no país em seis meses fechou em 6,17%, depois de encerrar o primeiro semestre de 2014 em 3,75%.
Sintonia com previsões
Em um ano, o indicador acumula alta de 8,89%, a maior taxa registrada desde dezembro de 2003, quando ficou em 9,30%. O resultado vem em linha com a previsão dos economistas do mercado financeiro, conforme apontam os boletins Focus mais recentes. A projeção é de que o IPCA feche o ano acima dos 9%.
“Em termos de impacto, tanto no ano quanto nos 12 meses, três grupos dominaram: alimentação e bebidas, habitação e transporte. Eles foram responsáveis por 71% do IPCA”, apontou Eulina.
Despesas pessoais
De maio para junho, foram as despesas pessoais que mostraram o maior aumento de preços entre tudo o que é analisado pelo instituto. A alta, de 1,63%, é atribuída, principalmente, aos jogos de azar, que subiram 30,80%.
“O reajuste foi em mais de uma data em maio, e foram reajustes relativamente grandes porque os preços são pequenos. A variação foi muito alta. A influência é forte. O peso não é tão grande [sobre o total do IPCA], mas também não é desprezível”, afirmou a coordenadora.
Depois dos jogos de azar, foram as passagens aéreas que mais pressionaram o índice, individualmente, com alta de 29,19% no mês, próximo das férias escolares. Dessa forma, a variação do grupo de gastos com transportes foi de 0,70%, influenciada também pelos serviços de conserto de automóvel (1,70%), pela compra de automóveis usados (0,78%) e pelas tarifas de ônibus urbano (0,40%).
Habitação e limpeza
O aumento das taxas de esgoto, de quase 5%, também contribuiu com o avanço do IPCA de maio para junho. Dentro do grupo habitação, que fechou em 0,86%, também subiram os valores de artigos de limpeza (1,52%), condomínio (0,92%) e aluguel residencial (0,66%). Como os remédios tiveram seus preços reajustados, acumulando alta de 6% no ano e variando 0,64% no mês passado, os gastos com saúde e cuidados pessoais subiram 0,91%.
Outras altas partiram ainda de aparelhos de TV, som e informática (0,84%), pressionando os artigos de residência, cuja variação foi de 0,72%, e de roupas masculinas (1,13%), influenciando a variação do grupo de gastos com vestuário (0,58%).
Alimentos e bebidas
Com ajuda da cebola, que ficou 23,78% mais cara de maio para junho, os alimentos e bebidas subiram 0,63%. Tiveram as menores variações, entre tudo o que foi analisado pelo IBGE, gastos relativos à educação (0,20%) e os relacionados à comunicação (0,34%).
Eulina esclareceu que a variação de 0,64% da inflação das carnes em junho, após alta de 2,32% em maio é explicada pela redução da demanda. “Apesar de não ter havido a tradicional pressão da energia [no mês de junho], a gente teve três itens que exerceram pressão forte: os jogos de azar, as passagens aéreas, que são muito voláteis – nesse mês a alta é provocada pela maior demanda, com [feriado de] Corpus Christi, Dia dos Namorados… As tarifas tendem a ser não tão baratas e promocionais, e a taxa de água e esgoto, que além dos reajustes extraordinários, têm a ver também com a ‘contaminação’ provocada pela energia elétrica”, afirmou.
INPC
O INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que analisa os gastos de famílias que ganham até cinco salários mínimos, ficou em 0,77%, em junho. No primeiro semestre, o índice acumula alta de 6,80% e, em 12 meses, de 9,31%.(AG)
