Sexta-feira, 14 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de fevereiro de 2023
O presidente Lula mudou sua estratégia para criticar a taxa básica de juros (Selic) definida pelo Banco Central nesse terceiro governo, em relação a seus mandatos anteriores. Em seus dois primeiros governo, Lula costumava pedir a seu vice-presidente, José Alencar, para fazer críticas públicas a Selic, quando considerava que a taxa estava muito alta.
Em seu terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto, porém, Lula decidiu assumir a dianteira das críticas aos juros. Desde que tomou posse, já deu ao menos duas entrevistas criticando a Selic. A mudança de estratégia tem chamado a atenção de integrantes do mercado financeiro e desagradado membros da equipe econômica do novo governo.
Um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC ter mantido a Selic em 13,75% e enviado uma mensagem bastante dura em relação à desancoragem das expectativas de inflação, o presidente Lula concedeu entrevista à RedeTV! e fez críticas às metas de inflação e à autonomia da autoridade monetária.
Além disso, Lula questionou o nível da taxa de juros em 13,75% e disse que irá se reunir com um grupo de empresários para entender o motivo e que também cobrará uma explicação do presidente do BC, Roberto Campos Neto.
Lula disse ver exagero na meta de inflação fixada pelo CMN para este ano, de 3,25%, com intervalo de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. “Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7%. Quando faz isso, é preciso arrochar mais a economia para atingir aquele 3,7%. Por que precisava fazer 3,7%? Por que não faz 4,5%, como fizemos [nos mandatos anteriores]? A economia brasileira precisa voltar a crescer”, afirmou o presidente.
O presidente ainda chamou a independência do BC de “bobagem” e afirmou que a regra poderá ser revista após o término do mandato de Campos Neto, em 2024.
Incertezas
“Os comentários de Lula aumentam a incerteza em torno das metas atuais, o que provoca a continuidade da elevação das expectativas de inflação e a manutenção de juros elevados”, apontam os profissionais da LCA Consultores em nota enviada a clientes.
Em nota, analistas observaram que, “no geral, o discurso de Lula sugere que uma possível mudança na lei de independência do BC não deve acontecer antes de 2025 (o fim do mandato de Campos Neto é no fim de 2024), enquanto um ajuste na meta de inflação parece mais provável no curto prazo”.
Eles, porém, observam que, independentemente de o Conselho Monetário Nacional (CMN) mudar as metas de inflação, “os analistas parecem já estar trabalhando com uma meta de inflação já superior às atuais (3,25% para 2023 e 3% para 2024 em diante”.