Terça-feira, 11 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 25 de julho de 2018
Sergio Marchionne, que estava à frente da FCA (Fiat Chrysler) desde 2004 e que mudou a empresa, morreu na manhã desta quarta-feira (25), aos 66 anos, alguns dias após o grupo anunciar quem o sucederia. O executivo foi afastado por causa de complicações após uma cirurgia feita no ombro direito no mês passado. Ele estava sendo tratado no hospital da Universidade de Zurique, na Suíça.
Sua última aparição pública foi em 27 de junho, em um evento em Roma. Ele já preparava a sua saída, mas planejava entregar as rédeas só em 2019. A questão da sucessão é “difícil, mas vamos encontrar a pessoa adequada e capaz”, havia afirmado.
Um dos executivos que ocupou um cargo de CEO por mais tempo na história da indústria automobilística, o ítalo-americano remodelou profundamente o grupo e é apontado como o responsável pela recuperação das empresas.
Legado
Marchionne resistiu à possibilidade de vender marcas bem cotadas – como a Jeep –, afirmando que isso criaria um problema ainda maior. Ele também foi bem-sucedido na revitalização da Chrysler, algo que proprietários anteriores da empresa americana – a Mercedes, a Daimler e o grupo de private equity Carberus – haviam tentado e falhado.
À frente da Fiat, conseguiu multiplicar por 11 o valor da companhia, ajudado por movimentos como os desdobramentos da CNH Industrial – dona da Iveco (caminhões) e da New Holland (tratores) – e da montadora de luxo Ferrari.
A separação da fabricante de peças Magneti Marelli, prevista para este ano, deve aumentar ainda mais essa geração de valor. Na América do Norte, acertou ao encerrar a produção de sedãs não rentáveis e mirar utilitários esportivos e caminhões mais caros, movimento copiado pelas concorrentes Ford e GM.
Brasil
Marchionne esteve no Brasil em março deste ano, quando inaugurou o terceiro turno de operação da fábrica da Fiat em Goiana (PE). A unidade funcionava em apenas dois turnos desde 2016. Em entrevista, ele afirmou que o Brasil precisava ter uma postura mais aberta na economia. “Apesar de todas as iniciativas [da empresa no País], nunca conseguimos fazer do Brasil um mercado global. Agora chegou o momento de trazer esta questão para o governo brasileiro”, disse.
Para o executivo, o movimento de oposição dos Estados Unidos aos grandes acordos econômicos (como o Nafta e a Parceria Transpacífico) criou um espaço no continente que poderia ser ocupado pelo Brasil. “Essa é sem dúvida uma chance de a América Latina ter um espaço maior globalmente, principalmente para o Brasil”, destacou.
Marchionne também defendeu o desenvolvimento de novas tecnologias ligadas ao etanol como caminho para soluções ambientalmente mais vantajosas. “Precisamos nutrir o que temos aqui. Ignorar essa oportunidade é um crime e o governo precisa usar isso como uma solução para os problemas da emissão de gás carbônico”, afirmou.